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Miguel Farinha: “Angola tem potencial para ser uma locomotiva do desenvolvimento da África Austral”

O country managing partner da EY Portugal, Angola e Moçambique, Miguel Farinha, considerou que “Angola tem potencial para ser uma locomotiva do desenvolvimento da África Austral”. Em declarações no âmbito da conferência ‘Doing Business Angola’ – realizada, esta semana, em Lisboa (Portugal) –, o responsável disse ainda que o país apresenta valências para ser “protagonista de um impulso económico e social na África Austral”.

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"Angola tem potencial para ser uma locomotiva do desenvolvimento da África Austral no futuro. A economia angolana tem o potencial para gerar um efeito multiplicador em países vizinhos através do aumento do investimento e do comércio", afirmou, citado num comunicado remetido ao VerAngola.

Na ocasião, também apontou que Angola apresenta valências para ser "protagonista de um impulso económico e social na África Austral".

O responsável realçou que Angola é actualmente "um dos países mais importantes da SADC, já que além de ter o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) e de ter sido o país que registou o maior crescimento do PIB entre 2000 e 2022 (+12 por cento), é o segundo maior exportador, o quarto mais populoso e o terceiro país que mais cresceu em termos de emprego (mais 3,3 por cento entre 2000 e 2021)", lê-se na nota.

Apesar disso, disse ser preciso diversificar a economia: "Ainda é muito baseada no petróleo. A agricultura, por exemplo, representa hoje 8,6 por cento do PIB. É preciso dar um salto até 2050, ano em que se espera que represente 14,1 por cento do PIB. A indústria representa actualmente 6,7 por cento, sendo que até 2050 deveria atingir 19,5 por cento".

Miguel Farinha chamou ainda a atenção para o facto de que o país "praticamente não exporta para os países em redor", havendo necessidade de "alterar esta realidade".

Na conferência, a intervenção do responsável teve como mote 'O papel estratégico de Angola na SADC e a aposta no eixo das infra-estruturas'. Sobre o tópico, Miguel Farinha apontou o "muito que ainda há a fazer na rede ferroviária e na rede viária".

"O plano de infra-estruturas que está definido, faz sentido trabalhar no mesmo. Mas o investimento ferroviário, rodoviário, ou na agricultura, é preciso ser feito com os privados", acrescentou, citado na nota.

"A mobilização de investimento, sobretudo do sector privado, será crítica para a transformação do país. Sem o investimento privado e sem se criarem as condições para que este investimento aconteça, o salto não vai ser dado", disse, afirmando que é necessário e importante "potenciar e desenvolver o capital humano. É preciso formar, treinar e dar emprego. Há talento fabuloso em Angola, e temos de lhe dar as condições."

Na conferência também participou o director da EY Angola, João Rueff Tavares, que abordou o "financiamento e gestão de risco na economia angolana".

"Se olharmos para os vários sectores, se há sector que levou bastante impacto nos últimos anos, foi o da banca. Quando olhamos para o sector bancário e falamos de riscos, tipicamente falamos de três componentes principais: risco de mercado, pilar de liquidez e risco operacional. Assistimos a uma preocupação crescente da banca em reforçar estas dimensões", apontou, acrescentando que também se tem vindo a assistir a um "grande reforço na protecção dos riscos de mercado", designadamente por meio da "antecipação a potenciais cenários de disrupção".

De acordo com o director da EY Angola, "do ponto de vista de risco operacional", tem-se verificado uma preocupação dos bancos "em cada vez mais optimizarem os seus processos, para responderem melhor à qualidade dos dados nos seus sistemas, assim como a um reporting cada vez mais acelerado".

"Assiste-se ainda à introdução de temas como a robótica e a digitalização, a Inteligência Artificial. Tudo isso ajuda a dar maior robustez à banca", acrescentou.

Citado no comunicado, falou também acerca do mercado de capitais no país, indicando ser "ainda muito jovem", sendo que "as operações a que temos assistido dão conforto para outras que vão aparecer".

"Todo o programa vai colocar em bolsa mais entidades, do sector bancário e de outros sectores. É um caminho jovem, mas sólido. Há boas perspectivas para quem vem a seguir. O que falta é ser complementado com o que se designa como educação financeira. Ou seja, começar a passar a mensagem aos jovens, sobretudo os que são mais digitais, de quais os benefícios e segurança que o sistema dá", finalizou.

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