Ver Angola

Indústria

Empresários portugueses em Angola destacam interesse de outros países e relevância da proximidade

Empresários portugueses destacam a importância da proximidade de Portugal a Angola, nomeadamente através de visitas de alto nível como a do primeiro-ministro português, António Costa, para posicionar o país face ao interesse crescente de investidores de outras nacionalidades.

:

Em declarações à Lusa, os responsáveis da Casais e da Acail, dois dos grupos empresariais que António Costa escolheu para visitar na Segunda-feira, em Luanda, sublinharam igualmente a importância de disponibilizar linhas de financiamento para enfrentar a concorrência de outros países que se estão a aproximar de Angola.

António Rodrigues, CEO da Casais, construtora que opera em Angola há 25 anos e está presente em 17 países, realçou a importância da vinda do primeiro-ministro português tendo em conta as relações entre Portugal e Angola.

"Ter uma visita oficial é um bom sinal", assinalou, destacando as "grandes modificações" a que Casais tem assistido desde que se instalou em Angola.

"Acho que há muito trabalho invisível (...) no sentido de recuperação da reputação. Hoje já não existe um conjunto de problemas operacionais que eram quase impeditivos das empresas portuguesas incrementarem o seu desenvolvimento neste mercado", afirmou o empresário

Hoje em dia, fazer negócio em Angola, "é muito mais transparente e mais bem visto pela comunidade internacional", frisou, indicando ainda que as linhas de financiamento têm um grande impacto.

"Nos últimos anos, um pouco por força desta luta geopolítica dos três blocos americano, europeu e asiático vemos um maior interesse em África e vemos linhas (de crédito) de países como a Alemanha, a França, a Inglaterra, países que nunca colocaram investimento em Angola e de repente estão disponíveis", observou.

"Portugal tem uma relação de longa data, existe banca, empresas, temos tantos laços que é uma pena se Portugal não conseguir acompanhar a força de investimento de países com maior capacidade do que o nosso", acrescentou.

Ainda assim, sublinhou que não se trata apenas de dinheiro e é preciso capacidade de execução: "Quem tem de executar o trabalho é quem já está no terreno, por isso, é uma oportunidade até de fazer um "casamento" entre as linhas portuguesas e estrangeiras".

"Nós não temos a mesma capacidade e disponibilidade financeira que têm outros países e, por isso, nunca vamos conseguir acompanhar em dimensão e em escala o orçamento de muitos desses países", lembrou.

Para António Rodrigues as linhas de financiamento visam também criar incentivos à própria economia de origem de onde vem o dinheiro. "No caso da portuguesa visa intensificar as exportações para este mercado e isto também é muito importante ", disse.

Sobre a Casais afirmou que a empresa já não tem apenas a componente de construção, mas também de promoção imobiliária, indústria de pré-fabricação e até pequenos projectos na agricultura e apontando como áreas de eleição para o futuro, as águas e energia.

Ana Paula Andrade, presidente do conselho de administração da Acail, presente em Portugal e Espanha, além do mercado angolano, disse à Lusa que esta era uma visita que "reclamava há algum tempo", já que é "muito importante" para os empresários portugueses que operam fora sentirem suporte das autoridades políticas.

Por outro lado, apontou "uma grande procura dos empresários estrangeiros por Angola", sobretudo nos últimos dois anos, nomeadamente espanhóis, franceses, israelitas, austríacos e alemães, lembrando que o país tem imensos recursos naturais.

"A grande dificuldade está nos recursos humanos, encontrar pessoal qualificado, mas também temos capacidade para o formar", disse a responsável da Acail.

Sobre a linha de financiamento, que vai ser aumentada em 500 milhões de euros, passando de 1.500 para 2.000 milhões de euros, considerou que deveria ser mais diversificada e não estar centrada apenas na construção.

"É importante que apoie outros sectores da economia", disse, indicando que deve ser desenvolvido um trabalho conjunto entre os dois governos, encaminhando as linhas (de financiamento) para os diferentes sectores de actividade para não ser absorvida apenas por projectos de construção.

A Acail produz gases industriais e medicinais, está em Angola desde 2005 e abastece boa parte dos hospitais angolanos, bem como indústrias petrolíferas e outras, e detém ainda 16 centros de diálise.

O primeiro-ministro prossegue esta Terça-feira a sua visita a Angola com visitas ao banco Caixa Angola, à Fortaleza de São Francisco do Penedo e à Escola Portuguesa de Luanda.

Relacionado

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.