O descerramento da estátua foi feito pelas mãos de Maria Eugénia Neto. "Um busto do Dr. António Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola e Fundador da Nação, foi descerrado hoje [Terça-feira] em Roma, pela sua viúva e presidente da Fundação Dr. António Agostinho Neto", refere um comunicado da Fundação Dr. António Agostinho Neto, a que o VerAngola teve acesso.
Inserido no âmbito do centenário de Agostinho Neto, o acto teve lugar no Largo Beato Plácido Riccardi, na capital italiana.
"O referido busto foi doado pela Fundação Dr. António Agostinho Neto para que se eternize na 'Cidade Eterna' o nome e a obra de um dos mais proeminentes lutadores pela liberdade total de África, cujo o empenho foi determinante para as independências da Namíbia, do Zimbabué, o fim do Apartheid na África do Sul e a libertação de Nelson Mandela", refere a fundação, no comunicado.
Além disso, acrescenta a nota: "É também um merecido reconhecimento a uma plêiade de ilustres filhos da Itália que exerceram uma acção excepcional no processo da luta pela independência de Angola", tais como "Augusta Conchiglia; Stefano Di Stefani; o casal Carlo e Leda Giulini; Joyce Lussu; Alberto Mondadori; Giancarlo Vigorreli; Piero Gamachio; Mário Albano; Dina Forti; Marcella Glisenti, que teve um papel fundamental na audiência papal, concedida pelo Papa Paulo VI no ano de 1970 aos nacionalistas Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Marcelino dos Santos; entre outros intelectuais italianos, que a história deverá fazer justiça, no processo da luta pela autodeterminação, das ex-colónias portuguesas".
Maria Eugénia Neto, ao discursar na ocasião, referiu que para Agostinho Neto "a relação com a Itália era de particular importância, tanto pela proximidade política quanto cultural".
"A Itália foi um dos países europeus onde vários movimentos de libertação africanos encontraram afinidades ideológicas ou humanitárias e a solidariedade de pessoas de todos os estratos sociais e políticos", referiu.
A presidente da FAAN indicou ainda que "em 2020, a Fundação Agostinho Neto, a Fundação Amílcar Cabral e a Fundação Marcelino dos Santos planearam celebrar o 50.º aniversário da Conferência de Solidariedade para com os Povos das Colónias Portuguesas e da Audiência do Papa Paulo VI a Amílcar Cabral, António Agostinho Neto e Marcelino dos Santos", cujos "eventos ocorreram de 27 a 29 de Junho, e a 1 de Julho de 1970, respectivamente".
Assim, realçou que nesta Terça-feira (27 de Junho) fez "precisamente 53 anos desde a realização da Conferência de Solidariedade e da Audiência Papal que tiveram um grande impacto internacional e tornaram as lutas independentistas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe mais conhecidas em todo o mundo".
"O busto em bronze de António Agostinho Neto na cidade eterna será um marco indelével da vanguarda revolucionária que proclamou a independência de Angola. A Itália foi, como é sabido, o primeiro país da Europa Ocidental a reconhecer a independência de Angola a 18 de Fevereiro de 1976", disse, acrescentando que a instalação da escultura no Largo Beato Plácido Riccardi possibilitará "criar um diálogo estético e histórico com a comunidade local e visitantes, enquanto homenageia o jovem Pietro Bruno, que faleceu neste município durante o apoio à independência de Angola".
De acordo com o comunicado da fundação, a cerimónia foi presenciada – além de Maria Eugénia Neto e Filipe Zau – por Maria de Fátima Jardim, embaixadora extraordinária e plenipotenciária da República de Angola em Roma; Georgio de Marchis, director do Departamento de Línguas, Literatura e Cultura Estrangeira e Coordenador da Cátedra Dr. Agostinho Neto, na Universidade de Roma Ter; Jorge José de Figueiredo, embaixador de Cabo-Verde; Santos Álvaro, embaixador de Moçambique; Alexey Vladimiro Cich Paramonov, embaixador da Federação Russa; Mietane Chauke, embaixador do Zimbabué; o representante de Portugal; diplomatas da República de Angola no Vaticano; membros do Governo italiano; directores da FAAN; académicos; estudantes e o público em geral.