Ver Angola

Cultura

Irmãos Verdades com novo trabalho em “momento único” da música africana

Os Irmãos Verdades andam na estrada há mais de 30 anos, tendo dado os primeiros passos com o emblemático Duo Ouro Negro, e esta semana lançam um novo disco, numa altura em que a música africana vive “um momento único”.

:

"Há 10 anos era impensável fazer o que se faz hoje. A intenção é, daqui a 10 anos, se fazer coisas, impensáveis hoje", disse à agência Lusa o vocalista do grupo de música africana, Gabi Fernandes, a propósito do lançamento do nono álbum de originais, na Sexta-feira, em Lisboa.

O cantor assumiu algum do caminho desbravado para a música africana ter a projeção que tem hoje, sublinhando o facto de esta ser "uma banda lusófona", apesar da kizomba – um género musical mais angolano - ser a sua essência.

"As nossas raízes sobrepõem-se, porque a nossa intenção é divulgar a música africana pelo mundo", disse, referindo que estas décadas a percorrer Portugal e grande parte do mundo mostrou-lhes que não há palco como em África.

"África é sempre África. É onde nos sentimos em casa", disse o cantor, de origem cabo-verdiana, que teve "o privilégio" de aprender com mestres como Paulino Vieira, Norberto Tavares, Raul Indipwo e vários outros "grandes nomes de música africana".

Dos primeiros tempos a acompanhar o Duo Ouro Negro, o grupo ganhou "uma grande estaleca" e também consciência daquilo que as pessoas queriam ouvir.

"Há pouco tempo, a música africana tinha espaços e zonas específicos para tocar. Não tocava em tudo o que era rádio, discotecas, não estava nas lojas. Quando se queria ouvir música africana tinha-se de ir a sítios específicos e foi também com essa ideia que projectámos a banda Irmãos Verdades".

"Já passámos por muitos sacrifícios, já tocámos em sítios em que, como banda, éramos mais do que o público", recordou, classificando os altos e baixos de "uma escola".

E prosseguiu: "Há uns anos, a cultura africana estava paralela à cultura portuguesa, lado a lado, sem se encontrar. Alguém tinha de fazer um desvio, sem destruir a outra".

Gabi Fernandes assume-se como um "apologista da fusão", mas desde que os tipos de música não se sobreponham, nem se confundam.

"Temos de ir na linhagem da música africana, porque daqui a bocado vamos ter grandes cantores africanos a cantar música que não é música africana, é uma música que tem tanta fusão que se vai confundir com as nossas raízes", alertou.

A própria composição da banda "é uma fusão" na medida certa, uma vez que tem elementos e colaboradores de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Portugal, uma verdadeira lusofonia, como gosta de sublinhar.

O novo disco de originais da banda, que será lançado na Sexta-feira, durante um concerto no espaço Lisboa Ao Vivo, foi para o mercado há três dias e o vídeo do primeiro single "Te Amo" já conta com largos milhares de visualizações.

Mas este trabalho e os espectáculos que já estão a decorrer, assim como a digressão que começa na Sexta-feira, marcam igualmente o regresso de os Irmãos Verdades aos palcos, após a pandemia.

Gabi Fernandes recordou que este foi o primeiro grupo de música africana a tocar, sozinho, no Coliseu dos Recreios de Lisboa. "Estávamos com muitas saudades. Estivemos mais de dois anos sem fazer um único concerto", lamentou.

O grupo aproveitou para fazer outro tipo de trabalho na área da música, mas reconhece que é no palco, junto do seu público, que se sente em casa.

"É muito gratificante. Estávamos mortinhos para subir ao palco. Os cantores e os artistas estão bem é no palco. No palco é que estamos em casa", disse o vocalista, com 58 anos.

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.