Ravi Bhathia, o analista da S&P, que segue a economia de Angola, disse ainda à Lusa não esperar grandes mudanças em termos de política ou direcção económica no seguimento das eleições presidenciais de Agosto.
“A provável eleição de João Lourenço como novo Presidente da República é neutra do ponto de vista do crédito e não deverá trazer grandes mudanças na política económica do país, por isso esperamos uma transição suave”, considerou Ravi Bhathia.
Em entrevista à Lusa em Londres, o analista vincou que apesar de antecipar tranquilidade nas eleições presidenciais de 23 de Agosto, “com o passar do tempo o novo Presidente vai consolidar o poder e as mudanças serão visíveis, e é daqui a um ano ou dois que a sociedade vai avaliar se houve ou não mudanças que respondam aos anseios da população, nomeadamente os jovens”.
Para a S&P Angola é um caso típico de uma economia demasiado dependente de uma só matéria-prima, e que não conseguiu diversificar nem poupar o suficiente quando o petróleo estava a mais do dobro do preço actual, à semelhança do que fez o Kuwait, exemplificou o analista.
“A queda dos preços para metade teve um impacto enorme nos produtores de todo o mundo, não apenas em Angola”, salientou Ravi Bhathia, apontando que “a diversificação que Angola devia ter apostado há anos é agora mais difícil de fazer, com o orçamento pressionado e com a dívida pública quase nos 60 por cento da riqueza do país”.
Para uma economia "de mais ou menos 100 mil milhões de dólares, é bastante elevado, não em termos de percentagem do PIB, mas em termos absolutos, já que uma grande parte são empréstimos chineses, sobre os quais há pouca informação”, concluiu.