Francisco Miguel Paulo disse à agência Lusa que o aumento de 10 por cento do salário mínimo nacional é irrisório e não traz "grandes mudanças" para os trabalhadores.
Para o docente universitário, o Estado "perdeu a possibilidade de aumentar o salário mínimo em pelo menos 20 por cento, ante a inflação acumulada de 9 por cento", só no primeiro trimestre deste ano.
"Porque se repararmos, a taxa de inflação homóloga anual neste momento até Abril, de acordo com os dados do INE, está à volta dos 36 por cento. A inflação acumulada só no primeiro trimestre de 2017 já anda à volta dos 9 por cento, então, o poder de compra dos salários diminui a cada dia e a cada mês que passa", disse.
O investigador auxiliar do CEIC, questionando ainda o reflexo do actual salário mínimo na vida do trabalhador angolano, afirmou que actualmente o funcionário angolano se encontra numa "situação de sobrevivência".
"É de facto uma situação de sobrevivência e aqui sublinhar que o Estado angolano perdeu a possibilidade e, poderia mesmo, aumentar o salário mínimo nacional pelo menos na casa dos 20 por cento ou mais", sustentou.
"Tendo o salário de 16.500 ou quase 17.000 kwanzas (o aumento de 10 por cento) não vai ajudar os que auferem esse tipo de salário", acrescentou.
O salário mínimo angolano por grupos de actividade vai aumentar 10 por cento, em média, o equivalente a 2.000 kwanza mensais, passando a cifrar-se entre 16.500 e 24.754 kwanzas, muito abaixo da inflação de 2016.
De acordo com o decreto presidencial 91/17, de 7 de Junho e ao qual a Lusa teve acesso, o salário mínimo nacional referente aos sectores do comércio e da indústria extractiva aumenta para 24.754,95 kwanzas mensais, face aos anteriores 22.504,50 kwanzas, fixados há precisamente três anos.
