O alerta foi transmitido à Lusa por Miguel Morais, coordenador do projecto Kitabanga, que estuda e investiga os cinco tipos de tartarugas marinhas presentes ao longo da costa.
O projecto Kitabanga, nome pelo qual é conhecida a tartaruga de couro, acompanha a desova de outras duas espécies ao longo da costa, a tartaruga verde (quase 1,25 metros de comprimento e 230 quilogramas) e a tartaruga oliva, com sete estações de amostragem permanentes distribuídas entre as províncias do Zaire, Bengo, Luanda, Benguela e Namibe.
"Angola está entre as praias com alguma densidade de desova para a tartaruga de couro, mas temos verificado uma diminuição considerável ao longo do tempo. Para dar um exemplo, nos pontos de amostragem tivemos no ano passado oito animais e este ano apenas um. Antes tínhamos cerca de 100 por ano", explicou o especialista e coordenador daquele projecto de conservação, da Universidade Agostinho Neto.
A desova desta espécie de tartaruga, que chega aos dois metros de comprimento e que está "criticamente ameaçada" no país, acontece por norma entre Outubro a Março, colocando em média 80 ovos na praia.
Além disso, os especialistas deste projecto acompanham a situação da tartaruga de oliva, que chega aos 72 centímetros e 45 quilogramas, cujas praias do país são as principais para desova na costa ocidental de África.
Também neste caso está seriamente ameaçada.
"De uma forma geral, a situação das tartarugas em Angola não é saudável. Assiste-se a uma pressão muito grande, não só por predação directa, do ponto de vista antrópico, mas também por efeito dos impactos indirectos associados à pesca", sustentou Miguel Morais.
"A quantidade de animais que todos os anos é morta ou morre acidentalmente é um pouco assustadora, face à reprodução durante os períodos de desovas", assinalou ainda o especialista, do departamento de biologia daquela universidade de Luanda.