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Sociedade

Investigadora reforça que é imperativo escutar os angolanos sobre a sua história

A investigadora angolana Leopoldina Fekayamãle disse ser imperativo escutar o que pensam os angolanos e como narram o percurso da sua história, para pensar o futuro, salientando que Angola "é um país com muito potencial, com muita gente jovem".

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Em entrevista à agência Lusa a propósito do seminário "50 anos de independência de Angola - Como se constrói um país: diálogos interdisciplinares”, que decorrerá em Lisboa, Quinta e Sexta-feira, a professora, que é uma das três organizadoras do evento, juntamente com a portuguesa Marta Lança e com a angolana Elisabete Vera Cruz, recordou que "uma parte [significativa] da população angolana está entre os 15 e os 35 anos".

"É uma massa [jovem] com muita força e energia mas que se vê diante de um país que é bastante complexo e que tem vários problemas", afirmou, sublinhando a importância de pensar "que futuros é que existem para a população, que é jovem e que continua a crescer". 

Para Marta Lança, responsável da Associação BUALA, entidade que organiza o seminário com o apoio da Fundação Gulbenkian, olhar criticamente para a história e para a sociedade é o melhor modo de aprender, transmitir e desenvolver conhecimento.

Segundo a investigadora, um dos desafios do seminário é levar “ao exercício de pensar em conjunto também sobre as promessas da independência que não foram cumpridas" e surge no sentido de abordar a complexidade dos diferentes momentos e a situação atual no país. 

Realizado no contexto dos 50 anos da Independência de Angola, este seminário, que ocorre no mês de África, quer "congregar vozes" e é feito "com e por pessoas angolanas", referem as organizadoras.

"Todos os oradores são angolanos, de diversos perfis e idades, o que permite congregar diversas vozes e pensamentos sobre - e a partir de - Angola", referiu Marta Lança, investigadora com uma relação laboral e afectiva de longa data com Angola.

Os painéis do primeiro dia do seminário são: "Colonialismo e Luta de Libertação", "Independência" e "Aprender a Democracia" e contam com a participação de Henda Ducados, Diana Andringa, Salvador Tito, Ana Paula Tavares, Hélder Bahu, Jean Michel Mabeko Tali, Israel Campos, Luzia Moniz e Sedrick de Carvalho. 

No segundo dia, os painéis "Como a Nossa História é Contada", "Patrimónios Difíceis e Reparações" e "Angola Urgente" contarão com a presença de Sizaltina Cutaia, Vladimir Prata, Zezé Nguelleka, Ângela Mingas, Jonuel Gonçalves, Maria João Teles Grilo, Suzana Sousa, César Chiyaya, Dina Sousa Santos e Elias Celestino. 

Elisabete Vera Cruz, da Universidade Agostinho Neto, fará a intervenção de encerramento sobre o tema "Do pretérito e futuro imperfeito(s), à encruzilhada do presente".

O seminário, de participação aberta e gratuita, decorrerá na Biblioteca Nacional, (com transmissão online), onde estará uma banca de livros da FALAS AFRIKANAS.

Na Casa Comum, também em Lisboa, decorrerão, Sábado e Domingo, as sessões de cinema, que se inserem na dimensão cultural do seminário.

Sábado, serão exibidos os documentários "Mulheres de Armas”, de Kamy Lara (2012) e "Independência”, de Fradique (2015), e no Domingo, "Nossa Senhora da Loja do Chinês”, de Ery Claver (2022), filme que, segundo Marta Lança, "mostra a Luanda contemporânea e uma sociedade alienada pela religião, a força do poder político, e traz novas identidades, com a já muito instalada relação com a China".

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