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Saúde

Enfermeiros alertam para a necessidade de transformação do sector da saúde e de valorização do exercício da profissão

“A escassez de recursos humanos e materiais, a falta de reconhecimento e valorização profissional, a necessidade constante de actualização de competências e a ausência de mecanismos estruturados para progressão na carreira são os principais desafios enfrentados actualmente pelos enfermeiros em Angola, e não só, sendo necessário que as instituições de saúde, os organismos reguladores e as lideranças de enfermagem criem condições mais favoráveis ao exercício da profissão”, defendeu Daniela Campos, directora de Enfermagem do Aliva, no âmbito das III Jornadas de Enfermagem, realizadas esta Segunda-feira, em Luanda.

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Sob o mote 'Liderança, Inovação e Sustentabilidade em Enfermagem', o evento reuniu 70 profissionais num espaço de reflexão estratégica e partilha de experiências entre líderes e gestores de enfermagem, reforçando a identidade da liderança em enfermagem e apresentando soluções concretas para desafios reais.

"A escolha do tema do evento nasceu da necessidade urgente de fortalecer o papel estratégico dos enfermeiros num sistema de saúde em constante evolução. Se a liderança é essencial para transformar realidades nos serviços, a inovação impulsiona práticas mais seguras, eficientes e humanas, e a sustentabilidade garante a continuidade dos cuidados com qualidade, mesmo perante desafios económicos e estruturais", afirmou a directora de Enfermagem do Aliva, salientando que a temática das jornadas serviu ainda como "um convite à acção colectiva, convocando os profissionais a assumirem o seu lugar de transformação".

Acerca do papel da liderança na enfermagem, Daniela Campos defende tratar-se do "motor da qualidade, segurança e humanização dos cuidados", uma vez que "um líder eficaz inspira equipas, promove a escuta activa, facilita a tomada de decisão clínica e garante o alinhamento com boas práticas".

Já no que respeita à inovação na prática da enfermagem, considera que não se resume à tecnologia ou aos instrumentos utilizados, residindo também na capacidade crítica e criativa dos profissionais para repensar a forma de cuidar, isto é, questionar o que sempre foi feito da mesma maneira, adaptar-se às necessidades reais das pessoas, antecipar problemas e propor soluções que humanizem o cuidado, optimizem recursos e melhorem resultados.

"Inovar é também transformar rotinas em experiências de cuidado mais significativas, seguras e resolutivas, em que o enfermeiro deixa de ser apenas um executor para se afirmar como protagonista activo da mudança em saúde", referiu.

O recrutamento e a motivação e retenção dos profissionais foi outro dos temas em destaque no evento e, entre as principais soluções para reter e motivar talentos em enfermagem, Daniela Campos apontou "a promoção do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, o investimento na formação contínua e liderança clínica, o reconhecimento profissional e salarial justo, a criação de ambientes de trabalho seguros e colaborativos, e a implementação de planos de carreira transparentes e oportunidades de progressão".

"Reter e motivar talentos exige uma abordagem holística, mais do que benefícios materiais, por isso, é essencial cultivar um sentido de pertença e propósito, em que o enfermeiro se sinta uma parte activa na construção de um sistema de saúde melhor", concluiu.

Promovidas pelo Aliva Saúde, as Jornadas de Enfermagem são eventos de capacitação e partilha de conhecimento, que visam promover um debate sobre os desafios e oportunidades do sector e uma troca de experiências entre enfermeiros, líderes e gestores de enfermagem.

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