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Hipertensão arterial é “um dos maiores problemas de saúde pública em Angola e no Mundo”

Diagnosticar Mais, Tratar Melhor’ foi o mote das I Jornadas de Hipertensão Arterial, promovidas pelo Aliva, com o objectivo de promover um debate e reflexão sobre os desafios, práticas clínicas e inovação no tratamento da hipertensão arterial (HTA) em Angola, e de aprofundar o conhecimento sobre a realidade da doença no país. O evento teve lugar no Sábado, em Talatona, com a presença de mais de 100 profissionais de saúde, especialistas, decisores e parceiros.

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"A organização deste evento surgiu da urgência em abordar um dos maiores problemas de saúde pública em Angola e no Mundo. A hipertensão é uma condição silenciosa, altamente prevalente e subdiagnosticada, com impacto directo na mortalidade cardiovascular. Enquanto grupo de saúde, sentimo-nos responsáveis por promover conhecimento, actualizar práticas clínicas e reforçar o papel do diagnóstico precoce, do tratamento eficaz e do seguimento contínuo. Estas jornadas pretendem ser o ponto de partida para um ciclo regular de encontros científicos, com vista à melhoria contínua dos cuidados prestados", explicou Vera Fontes, directora clínica do Aliva.

Estima-se que, em Angola, mais de 30 por cento da população adulta sofra de HTA, no entanto, Vera Fontes alertou que, "devido ao subdiagnóstico e à falta de rastreios sistemáticos, muitos casos permanecem por identificar. Estudos realizados no país, como o May Measurement Month (MMM), têm revelado dados preocupantes, com uma elevada percentagem de doentes sem acompanhamento regular".

A hipertensão arterial caracteriza-se por uma pressão sanguínea excessiva na parede das artérias, acima dos valores considerados normais. Como regra, considera-se estar na presença de hipertensão arterial quando a pressão máxima é maior ou igual a 160 mmHge/ou a pressão mínima é maior ou igual a 95 mmHge.

Apesar de ser uma condição multifactorial, entre as causas mais comuns estão a predisposição genética, o excesso de peso, o consumo excessivo de sal, o tabagismo, o sedentarismo, o stress crónico e o consumo abusivo de álcool. Em alguns casos, a hipertensão pode também estar associada a outras patologias, como doenças renais ou endócrinas.

"A prevalência desta doença tem vindo a aumentar, em particular nas zonas urbanas. O crescimento da população, o envelhecimento, as mudanças no estilo de vida, o sedentarismo e os hábitos alimentares menos saudáveis são factores que têm contribuído significativamente para este aumento", referiu a directora Clínica do Aliva, defendendo que, para a prevenção e controlo da HTA, é fundamental a adopção de um estilo de vida saudável, com uma alimentação equilibrada, actividade física regular, cessação tabágica e redução do consumo de álcool.

Acerca dos principais desafios no que toca ao tratamento da hipertensão em Angola, apontou "o acesso limitado a cuidados de saúde especializados, a escassez de programas de rastreio, a falta de continuidade no seguimento dos doentes e, em muitos casos, a baixa adesão ao tratamento. Acresce ainda a necessidade de mais formação dos profissionais de saúde e de maior literacia em saúde na população em geral".

Nas I Jornadas de Hipertensão Arterial foram ainda abordadas as práticas clínicas e inovação no controlo da hipertensão, tendo sido unânime a importância de uma abordagem integrada, desde os cuidados primários à medicina interna, e da medicina convencional à integrativa. O evento colocou em evidência temas como a cronoterapia, a abordagem da hipertensão na gravidez, o papel da desnervação renal e a gestão da HTA em contextos específicos, como a doença renal crónica ou a síndrome coronária aguda.

"A promoção da individualização terapêutica e a atenção à hora de administração da medicação são apenas alguns exemplos das novas direcções que a ciência tem apontado", concluiu Vera Fontes.

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