Em entrevista à Lusa, a poucos dias de deixar Angola, James Story afirmou que as autarquias representam “um bom passo” para aproximar os cidadãos dos seus representantes, sublinhando a importância da representatividade local para todos os partidos.
“Todos sabem que isso é importante”, salientou, considerando que as autarquias vão “fortalecer a democracia angolana”.
O embaixador Story, que, enquanto encarregado de negócios, assumiu interinamente a liderança da embaixada norte-americana em Luanda desde Outubro de 2024, recordou que o ex-Presidente norte-americano Joe Biden abordou o tema com o chefe de Estado João Lourenço, na sua visita a Angola, em Dezembro, apontando a ligação direta entre eleitores e eleitos como uma mais-valia.
O MPLA disse, em Fevereiro, que as eleições autárquicas constam da sua agenda política para 2025, e exortou o parlamento a concluir o pacote legislativo de suporte às primeiras autárquicas do país, ainda sem data.
No início de Março, o grupo parlamentar da UNITA submeteu ao Tribunal Constitucional uma ação de fiscalização de omissão inconstitucional, por violação à implementação das autarquias locais, prometidas inicialmente para 2014, de forma gradual e apenas em alguns municípios, mas sem concretização até à data.
O diplomata norte-americano elogiou, por outro lado, o trabalho do Governo na luta contra a corrupção, desafio que considerou ser também político, e sublinhou que tanto o Governo norte-americano como o sector privado dos EUA “prestam muita atenção” a esta questão, pois influencia o ambiente de negócios e a confiança dos investidores.
James Story abordou também o contexto da reconciliação política em Angola e realçou o papel de João Lourenço nos esforços regionais de mediação de conflitos.
“É importante destacar o papel do Presidente Lourenço, que tem feito questão de liderar processos de paz dentro e fora de Angola”, sublinhou.
Questionado sobre as eleições agendadas para 2027 e riscos de tensão eleitoral e eventual repetição ds conflitos pós-eleitorais registados em Moçambique no ano passado, desvalorizou comparações.
“Já morei em Moçambique e em Angola. Os dois povos falam português, mas isso não quer dizer que sejam iguais”, afirmou, considerando que quaisquer acontecimentos serão distintos do que aconteceu em Moçambique”, afirmou.
Quanto ao papel da sociedade civil assinalou que é um pilar de uma democracia forte e é importante que a sua voz cresça.
“Como Governo, apoiamos a sociedade civil, os partidos políticos, os direitos de participação”, sublinhou James Story.