Ver Angola

Política

Corredor do Lobito é exemplo de parceria dos EUA com outros países, diz diplomata

O encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Angola considera o Corredor do Lobito um exemplo da diplomacia exercida pelos EUA em Angola e em África, destacando o envolvimento de empresas e instituições financeiras norte-americanas no projecto.

:

Em entrevista à Lusa, James Story, que assumiu a chefia interina da missão diplomática norte-americana em Outubro de 2024, após a saída do embaixador Tulinabo Mushingi e prestes a deixar Angola, destacou que o mais significativo deste projecto é tratar-se de um investimento dos Estados Unidos com participação de empresas europeias e de outros países, em cooperação com o Governo.

“É uma mostra de como nós podemos, em parceria, trabalhar. Países da Ásia, países da Europa, dinheiro dos Estados Unidos, visão do Presidente Lourenço. Todos trabalhando juntos para realizar esse projecto”, afirmou, sublinhando o carácter multilateral da iniciativa, com parceiros de vários países a trazer financiamento e investimento.

O interesse internacional pelo Corredor do Lobito foi recentemente evidenciado com uma visita promovida pela embaixada norte-americana ao terreno, que contou com a participação de 17 diplomatas acreditados em Angola, incluindo representantes da União Europeia, que fizeram parte do percurso de comboio, entre o Huambo e o porto do Lobito (Benguela).

O Corredor do Lobito é uma infraestrutura ferroviária que liga o porto do Lobito, em Angola, à região mineira do Cinturão de Cobre, na República Democrática do Congo, com uma extensão de mais de 1300 quilómetros.

O Corredor é considerado essencial para o escoamento de minerais críticos, como o cobre e o cobalto, fundamentais para a transição energética, e visa impulsionar o comércio regional, o desenvolvimento agrícola e as cadeias logísticas, bem como a criação de empregos, sendo visto pelos Estados Unidos como uma alternativa às rotas de transporte chinesas.

Sobre os desembolsos dos empréstimos previstos para financiar o Corredor, cuja concessão está entregue à Lobito Atlantic Railway – consórcio que reúne a Mota-Engil, a belga Vecturis e a suíça Trafigura – o diplomata afirmou que são processos que “levam tempo” e que poderá haver novidades em Junho, altura em que Luanda acolherá a cimeira de negócios EUA-África.

“Estamos a trabalhar todos os dias com as empresas norte-americanas, com os bancos de investimento, com o Governo da Angola para terminar esses projetos”, referiu, acrescentando que se trata de “uma questão de burocracia”.

Os principais financiadores do projecto incluem a Corporação Internacional de Financiamento do Desenvolvimento (DFC) dos EUA, que se comprometeu com 553 milhões de dólares, mas até agora o desembolso não se concretizou, tendo sido os accionistas privados a investir 300 milhões de dólares no projecto.

James Story salientou também a importância de pensar no impacto para as comunidades ao longo do Corredor e mencionou a presença de empresas norte-americanas como a Amer-Con que vai instalar silos para armazenagem de grãos em 22 pontos do país, as pontes metálicas que vão ser fornecidas pela Acrow e o investimento da Sun Africa num parque solar, construído pela portuguesa MCA, com painéis fornecidos por uma empresa sul-coreana.

 “Angola, neste momento, está a chamar muita atenção”, disse o diplomata norte-americano, referindo outras presenças empresariais dos EUA no país, como a Africell e a Boeing – que recentemente entregou quatro aviões à TAAG –, e avançando que continua a ser estudada a abertura do espaço aéreo para voos directos entre Angola e os Estados Unidos, o que poderá potenciar o turismo e a conectividade.

Apontou ainda que, além do petróleo e do gás, os investidores norte-americanos estão atentos a outros sectores, embora subsistam desafios para os empresários, como a questão da titularidade das terras e a ligação do sistema bancário angolano aos bancos correspondentes estrangeiros, estando instituições como o Deutsche Bank, o Citibank e o JP Morgan a estudar formas para ultrapassar essa limitação.

James Story defendeu que o investimento estrangeiro pode ajudar a estimular o crescimento e a gerar emprego, destacando os esforços do Governo para diversificar a economia.

Relacionado

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.