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Alves da Rocha considera natural revisão em baixa do crescimento da economia

O economista Alves da Rocha considerou “natural e previsível” a revisão em baixa do crescimento da economia nacional pelo FMI por “falta de capacidade de resiliência” do país para manter determinado ritmo de crescimento.

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“É uma perspectiva natural [revisão em baixa do crescimento da economia], quer dizer, o Fundo Monetário Internacional [FMI] está a fazer ajustamentos às capacidades e às dinâmicas de crescimento de todas as economias do mundo”, afirmou esta Quarta-feira Alves da Rocha, acreditando ser reflexo das medidas da administração norte-americana.

Em declarações à Lusa, o economista disse que as medidas tomadas pelo Presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, como “restrições e tarifas levanta receios, dúvidas e vai acabar por restringir iniciativas de investimento a nível do mundo”.

“Portanto, é natural [esta perspectiva do FMI para Angola], porque todos sabem que a economia angolana é uma economia muito pouco resiliente, não tem capacidade de resiliência, não tem almofadas que lhe permitam manter determinado ritmo de crescimento”, referiu.

O Fundo Monetário Internacional reviu em baixa as perspectivas de crescimento económico para Angola em 2025 de 3 por cento para 2,4 por cento e alertou para os riscos sobre o desempenho orçamental.

As conclusões do FMI foram divulgadas após uma missão de avaliação pós-financiamento liderada por Mika Saito, que decorreu entre 6 e 12 de Maio, que irá elaborar um relatório que deverá ser discutido no Conselho Executivo do FMI em Julho de 2025.

Alves da Rocha insistiu que as perspectivas do FMI eram “absolutamente esperadas” porque a instituição financeira internacional “conhece muito bem a economia nacional”.

“E agora vamos ver que tipo de recomendações é que esta missão do FMI que esteve em Luanda vai entregar ao Governo angolano”, frisou.

O também director do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica considerou igualmente que o actual cenário deriva do facto de o país ter uma economia “muito dependente” das receitas petrolíferas.

Ainda que o peso do sector petrolífero no Produto Interno Bruto (PIB) “se tenha reduzido significativamente”, observou, a redução não tem sido acompanhada por um aumento da posição de outros sectores”, argumentou.

Considerou mesmo que a temática da falta de resiliência não é exclusivo da economia angolana, sublinhando, no entanto, que, a nível de África, outras economias “podem eventualmente resistir” à volatilidade do petróleo, nomeadamente África do Sul e Nigéria, “porque têm um PIB mais elevado”.

“Mas, nós, não temos instrumentos, não temos refúgios para que quando se faça a revisão da dinâmica de crescimento esta revisão nãos seja feita em baixo”, afirmou ainda.

Em relação ao alerta do FMI para os riscos sobre o desempenho orçamental de Angola, Alves da Rocha disse: “Isso a gente já sabe, não é necessário o FMI vir aqui dizer, porque a partir do momento em que toda a 'jigajoga'” do petróleo está em risco as implicações à economia são previsíveis".

O especialista recordou que o preço do petróleo, maior fonte de receitas do Orçamento Geral do Estado (OGE), tem vindo a baixar, pelo que a revisão orçamental é uma possibilidade, ainda que existam “sinais já de uma negociação entre a Rússia e Ucrânia".

"Vamos ver se isso terá algum tipo de influência num maior equilíbrio do sector do petróleo. E, portanto, vamos aguardar para ver o que se passa de modo que se encare a possibilidade de uma revisão do OGE”, concluiu o especialista.

O FMI destaca que o crescimento económico de Angola em 2024 foi “robusto”, atingindo 4,4 por cento, impulsionado pelo aumento da produção petrolífera e pela retoma do sector não petrolífero, mas avisa que as perspectivas se deterioraram, gerando riscos, devido à queda dos preços do petróleo e condições restritivas do financiamento externo.

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