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Grupo Opaia ganhou contratos no valor de quase 1,3 mil milhões de dólares em dois anos

O grupo Opaia ganhou contratos em Angola no valor de quase 1,3 mil milhões de dólares nos últimos dois anos, denunciou o activista Rafael Marques, que pede a anulação do mais recente ajuste directo, relativo à compra de autocarros.

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A adjudicação da compra de 600 autocarros por 350 milhões de dólares, através de um despacho presidencial, motivou um esclarecimento do Ministério do Transportes, segundo o qual o investimento inclui a criação de uma fábrica de montagem de veículos direccionada à exportação.

A aquisição dos autocarros foi adjudicada a um consórcio – Opaia Europa e IDC – que tem por detrás o mesmo dono, o empresário angolano Agostinho Kapaia, escreve Rafael Marques numa carta dirigida ao Presidente João Lourenço, a que a Lusa teve acesso.

Na carta, o activista e director do site Maka Angola sublinha que o preço unitário por autocarro – cerca de 584 mil dólares – está longe dos preços consultados, que oscilam entre 162 e 270 mil dólares, e contesta o procedimento de contratação simplificada escolhido, já que este é “excecional” e sujeito a regras apertadas, designadamente o valor e ser uma compra justificada.

“Ora não se vislumbrando nenhuma justificação no despacho presidencial n.º 111/24 este torna-se nulo por falta de fundamentação”, salienta.

Além do preço, Rafael Marques questiona o recurso a empresas intermediárias sem experiência no ramo, com sedes em Portugal e no Dubai. A Opaia Europa Limitada tem como sócio maioritário Agostinho Pinto João Kapaia (60 por cento), sendo os restantes 40 por cento pertencentes ao grupo angolano Opaia, SA

Já a IDC International Trading DMCC está registada em nome de Agostinho Kapaia, sócio principal do Grupo Opaia.

O activista considera também “bizarro” que a fábrica não tenha sido mencionada no despacho presidencial, considerando ter sido desautorizado o Presidente da República.

Rafael Marques acrescenta que, nos últimos dois anos, o Presidente comprometeu 1,173 mil milhões de euros de fundos públicos a empreitadas que envolvem o grupo Opaia com recurso à contratação simplificada: uma linha de crédito de 125,5 milhões de euros para um hospital pediátrico, três contratos de 357,5 milhões de euros para um sistema de tratamento de águas, em consórcio com outras empresas, 350 milhões de dólares para a construção de uma fábrica de fertilizantes e 45,4 milhões de euros para obras nas morgues de Luanda.

"Afinal o que é o grupo Opaia?”, questiona o jornalista, acrescentando que, na sua página da Internet, a empresa afirma que os seus projectos se encontram numa fase inicial, apesar do grupo ter sido “supostamente fundado em 2002”.

Rafael Marques apela à promoção de concursos públicos abertos e concorrenciais, pedindo a João Lourenço que revogue o despacho em que aprovou a compra dos autocarros, bem como a que a Assembleia Nacional exerça os seus poderes de fiscalização sobre o poder executivo.

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