A posição foi demonstrada por uma delegação da empresa, recebida em audiência pelo ministro da Agricultura e Florestas, Francisco de Assis. De acordo com uma nota de imprensa do ministério a que o VerAngola teve acesso, a audiência foi antecedida por vários encontros entre empresários e responsáveis do ministério, sendo que o investimento foi também discutido aquando da visita dos representantes angolanos à China, em Março deste ano, na qual Francisco de Assis convidou os empresários chineses a apostarem em Angola.
Agora, uma delegação da empresa esteve no país, a convite do próprio ministro, trazendo consigo especialistas e peritos agrícolas, que estiveram no terreno a identificar as terras e a aferir as condições para a produção de algodão em grande escala.
Está prevista a implementação do projecto numa área de 10 mil hectares, na província de Malanje, sendo que numa primeira fase a área de plantio de algodão ocupará 66 mil hectares. Para além do algodão, o projecto contempla ainda a produção de trigo e de milho na restante área (34.000 hectares). Numa primeira fase, experimental, serão cultivados 5 mil hectares de algodão e 2 mil para produção de trigo e milho.
O CEO da empresa avançou que o investimento total estimado ascende aos 983,6 milhões de dólares, estando prevista a criação de 10 mil empregos.
Para atingir os níveis de rentabilidade desejados, a multinacional vai implantar um modelo de negócio assente num sistema de produção em grande escala, "mecanizado, padronizado, com tecnologia de ponta de altíssimo rendimento, aliada à investigação", refere o ministério da Agricultura, em comunicado a que o VerAngola teve acesso.
Durante a audiência, Francisco de Assis terá ainda lançado um novo desafio aos investidores, que é o de produzirem também arroz. O ministro pediu ainda aos empresários para trabalharem em conjunto com as famílias de agricultores locais, para que estas possam beneficiar do conhecimento e da capacidade técnica dos quadros chineses.
Os trabalhos de prospecção deverão iniciar-se a curto prazo, sendo que foi criada uma equipa angolana multictorial - orientada pelo ministro Francisco de Assis e liderada pelo director nacional da Agricultura e Pecuária - para, em conjunto com os técnicos da delegação chinesa, apoiarem o desenvolvimento do trabalho. Farão ainda parte do projecto o Instituto de Investigação Agronómica e o Serviço Nacional de Sementes.
Recorde-se que a China é o país com maior área de cultivo de algodão do mundo, sendo ainda o país com mais exportações de têxteis, necessitando por isso de cerca de 10 milhões de toneladas de fibras de algodão anualmente.