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Defesa

Tribunal de Contas contesta vice-presidente de concurso curricular condenado a devolver 29,9 milhões de kwanzas

O Tribunal de Contas (TdC) considera que Carlos Cavuquila, vogal da Magistratura Judicial, condenado a devolver ao Estado angolano 29,9 milhões de kwanzas, “está impedido” de ser vice-presidente do júri de concurso curricular.

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Carlos Caviquila, vogal do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), foi indicado pelo órgão, na última semana, como vice-presidente do júri do concurso curricular para o recrutamento de cinco juízes do Tribunal de Contas.

A sua indicação é contestada pelo plenário do TdC em deliberação datada de 8 de Maio de 2023, a que a Lusa teve acesso esta Quarta-feira.

Segundo a deliberação, Carlos Cavuquila tem dois processos pendentes, sendo um transitado em julgado, condenado a reintegrar ao Estado o valor de 29.917.164,93 kwanzas, e que se encontra em execução no Tribunal Provincial de Luanda.

Um outro processo que envolve a referida entidade corre trâmites na 2.ª Câmara do TdC, "impendendo o procedimento por responsabilidade financeira sancionatória e reintegratória num valor aproximado de 1,4 mil milhões de kwanzas e 177 milhões de kwanzas, respectivamente".

"Parece-nos que, estando em presença destes dois processos pendentes, um com condenação efectiva e outro em tramitação, o Dr. Carlos Caviquila encontra-se impedido de desempenhar a missão para que foi designado", refere-se na nota.

Para os juízes daquela instância, "nem seria necessário que o plenário do Tribunal de Contas viesse trazer este assunto a lume, uma vez que, sabendo como sabe o visado é sujeito passivo naquelas duas lides contra o Estado, pelo que deveria ter-se declarado imediatamente impedido para o desempenho de tão relevante missão".

Os juízes do TdC sugerem igualmente que o júri do concurso integre um juiz conselheiro daquele tribunal, "à semelhança do que aconteceu nos concursos anteriores, atendendo à especificidade do órgão".

Segundo o plenário do Tribunal de Contas, o acolhimento da referida sugestão "conferiria maior transparência e credibilidade ao próprio concurso e reflectiria as necessidades do TdC na composição dos seus juízes, tendo em atenção o memorando que foi entregue ao CSMJ".

"Por tudo o que se expõe acima, o plenário do Tribunal de Contas requer que as incongruências expostas atrás sejam corrigidas, como convém, pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial", refere-se ainda na deliberação.

O CSMJ anunciou, na última semana, a abertura do concurso público curricular para o recrutamento de cinco juízes do Tribunal de Contas.

Carlos Cavuquila foi indicado para vice-presidente do júri, que tem como presidente o juiz conselheiro do Tribunal Supremo, Daniel Modesto Geraldes, e conta ainda com a presença do vogal do CSMJ José Lobão Cosme.

A juíza conselheira presidente do Tribunal de Contas, Exalgina Gamboa, demitiu-se do cargo em Março passado e na sequência foi constituída arguida por extorsão, peculato e corrupção.

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