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Marcolino Moco: Angola precisa de um modelo de Estado “que reconheça a diversidade dos povos”

O antigo primeiro-ministro Marcolino Moco disse esta Sexta-feira que Angola precisa de um modelo de Estado “que reconheça a diversidade dos povos” e não que centralize o poder, criticando a “exclusão que persiste” no país desde a independência.

: Lusa
Lusa  

"O modelo de Estado que precisamos é aquele que reconheça a nossa diversidade, nós temos um Estado que parte do princípio que Angola é um só povo de Cabinda ao Cunene, uma palavra que já pronunciei muitas vezes na juventude, mas que hoje sei que está completamente errada", afirmou esta Sexta-feira Marcolino Moco à Lusa.

Segundo o ex-governante, Angola é constituída por vários povos, com diversidades específicas, mas o Estado, frisou, tem funcionado como se essa realidade não existisse.

"E por isso erra, centraliza, o poder é dado a uma só pessoa que é o Presidente da República", disse, à margem da abertura do 1.º Congresso da Nação "Pensar Angola, por um Projecto Comum de Consenso", que decorre em Luanda.

Para Marcolino Moco, um dos promotores do congresso que decorre até Sábado, na capital, o conclave constitui um ganho, sobretudo pelas personalidades que congrega para pensar Angola e buscar consensos.

"Este (encontro) é também um legado para os mais jovens, transmitimos aqui uma espécie de inconformismo para que não se satisfaçam com aquilo que tem estado a ocorrer no nosso país desde a independência, exclusão, exclusão e exclusão", realçou.

No entender do antigo secretário-geral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a ideia de se buscar consensos para o país "é urgente, porque este pressuposto deveria ter acontecido em 1974 e 1975".

"Não se devia ter permitido a saída de uma parte de angolanos, naquela altura chamados de colono, porque a maioria era branco, mas foi um grande, erro porque eram angolanos e eram massa pensante que hoje deveria estar aqui connosco e contribuir para a integração de muitos problemas", notou.

Recordou a actual problemática do emprego, saneamento básico e a perda dos valores éticos e morais, considerando que "tudo isso ficou destruído por causa desta ideia que persiste até hoje da exclusão".

"Eu, porque fui eleito, sou aquilo, mando e faço, e o congresso é um espaço não de obtenção de resultados imediatos, mas de início também de um trabalho de pedagogia e de relançamento para Angola", apontou.

Além de Marcolino Moco, o empresário Francisco Viana, académicos e o músico Eduardo Paim são os outros promotores deste congresso, que se iniciou esta Sexta-feira, em Viana, um dos nove municípios de Luanda, e decorre até Sábado.

Contribuir para um projecto comum em prol de uma Angola "mais inclusiva, solidária e democrática" para um melhor esclarecimento pré-eleitoral sobre as propostas das forças políticas concorrentes às eleições gerais e criar um ambiente de paz e concórdia são os objectivos do encontro.

Moco, que tem sido bastante crítico com a actual governação e o partido no poder, manifestou-se também "preocupado" com o actual ambiente pré-eleitoral, onde há "uma grande ânsia por alternância, mas quem detém o poder finge desconhecer" tal pretensão.

"Ora se se começasse por reconhecer a verdade, hoje o que seria o partido no poder? O que devia fazer é construir uma ponte para o futuro, de tal modo que continuando no poder ou não, não haja problema absolutamente nenhum", defendeu.

"Temos de encarar esse problema de passagem do poder numa desportiva, mas devido essa diversidade, que não é encarada com naturalidade, dá-se a noção que vem um inimigo ao poder", rematou Marcolino Moco.

Angola realiza as próximas eleições gerais, o quinto pleito na história política do país, na segunda quinzena de Agosto deste ano.

Académicos, líderes religiosos, actores da sociedade civil e líderes religiosos também constam entre os convidados e oradores dos debates que vão abordar o actual estado da nação e o futuro e os modelos de Estado, económico, a macroeconomia e o ambiente de negócios em Angola.

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