Os dados foram anunciados por um representante local do Programa Nacional da Higiene nas Fronteiras, Christian Mabedi, citado pelo portal Radio Okapi, das Nações Unidas.
Segundo o responsável, a entrada destes congoleses de forma não oficial não está a facilitar o controlo sanitário, ainda mais dada a presença de casos de covid-19 nos dois países.
"Por vezes, há pessoas que não passam pelo controlo de temperatura. Por exemplo, as pessoas que saem do mato, onde não colocámos agentes. É difícil conseguir que estas pessoas passem pelos postos de controlo para a medição de temperaturas", afirmou Mabedi.
Mabedi referiu que é possível encontrar estas pessoas que escapam aos controlos fronteiriços nas cidades próximas.
"Por exemplo, em Kabunga, no dia 2 de Maio, conseguimos 52 pessoas, mas eles não passaram pela medição da temperatura", apontou o responsável.
De acordo com as autoridades da província de Kasai, em causa estão congoleses deportados de Angola, onde se encontravam em situação irregular.
Na semana passada, a imprensa congolesa noticiou a chegada de 250 cidadãos entre Segunda e Quarta-feira.
Na semana anterior, o governo provincial de Kasai lamentou, durante o Conselho de Ministros, a expulsão dos congoleses de Angola e a incursão das forças armadas angolanas em território congolês.
Até Março, cerca de 20 mil refugiados foram colocados na fronteira pelas autoridades angolanas, com o acordo do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Os refugiados têm-se queixado recorrentemente de abusos por parte das autoridades de Angola, que têm negado a acusação, e alegam que são forçados a caminhar durante dias, dormindo à beira da estrada e carregando todos os seus bens.
Para Luanda, os congoleses que não se registaram nos serviços de imigração são considerados imigrantes ilegais porque a guerra civil no país vizinho já terminou e perderam o estatuto de refugiados.
Desde o início da pandemia de covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, o continente africano contabiliza mais de 47 mil casos, ultrapassando as 1.800 mortes.
Segundo a União Africana, a RDCongo registou 705 casos, incluindo 34 mortes, enquanto Angola anunciou 35 casos, dos quais dois morreram.