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Conselho Superior da Magistratura Judicial sai em defesa de juiz angolano

O Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) defendeu que o juiz impedido de regressar ao seu domicílio profissional, por alegada violação da cerca sanitária imposta a Luanda, devido à covid-19, tem suporte constitucional.

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Em causa está o anúncio feito pela polícia, Quinta-feira passada, da retenção de um juiz na província de Luanda, quando o mesmo pretendia regressar ao Namibe, a sua área de jurisdição profissional.

Numa nota de esclarecimento, a que Agência Lusa teve acesso esta Terça-feira, o CSMJ referiu que foi com preocupação, que tomou conhecimento do facto, através dos órgãos de comunicação social.

Depois de ouvido o magistrado em causa, o CSMJ sublinha que, enquanto se aguarda pela realização da necessária reunião daquele órgão, "para em sede de plenário, analisar o que foi noticiado, observa de antemão que "ao pretender-se deslocar à província do Namibe, [o juiz] nada mais fez senão cumprir cabalmente com as determinações da Constituição da República".

O documento reforça que o juiz cumpriu igualmente com o "Decreto Presidencial nº 120/20, de 24 de Abril que prorroga o Estado de emergência, assim como as resoluções do Conselho Superior da Magistratura Judicial, de 16 de Abril e 25 de Março de 2020".

De acordo com o documento, a Constituição da República é explícita ao indicar que "em caso algum o Estado de emergência pode afectar os direitos e imunidades dos membros dos órgãos de soberania".

Já no que diz respeito ao Decreto Presidencial, a nota realça que a deslocação do juiz é autorizada, considerando que à interdição de circulação exceptuam-se a prestação de serviços autorizados a funcionar e o exercício de actividade laboral para os cidadãos com vínculo laboral com instituições em funcionamento durante o período de vigência do estado de emergência.

"Por outro lado, as Resoluções do Conselho Superior da Magistratura Judicial, de 16 de Abril e 25 de Março de 2020, publicadas na sequência do cumprimento das medidas impostas pela declaração do Estado de emergência, recomendam a atuação célere, pontual, rigorosa dos magistrados, no sentido da preservação da dignidade humana dos arguidos detidos e presos preventivamente", salienta a nota.

A concluir, o CSMJ destaca que o magistrado em causa está colocado na 2.ª secção da sala dos crimes comuns da Comarca de Moçâmedes e o seu regresso ao domicílio profissional "mais não representa senão dar cumprimento ao que a lei prevê e autoriza".

"Todavia, diligências efectuadas levam esta direcção a informar a todos os magistrados judiciais que o juiz em causa, em breve chegará ao seu domicílio profissional", indica o documento.

Além do CSMJ, também a Associação de Juízes de Angola e o Sindicato Nacional dos Magistrados do Ministério Público se solidarizaram com o juiz, com notas de repúdio sobre a exposição do magistrado.

Angola regista actualmente 35 casos positivos de covid-19, dos quais 11 recuperados e dois óbitos, estando nesta fase a cumprir o terceiro período do Estado de emergência, declarado inicialmente a 27 de Março.

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