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Construção: empresas portuguesas devem manter-se em Angola porque o “potencial está lá”

O presidente da Associação das Empresas de Construção, Obras Públicas e Serviços (AECOPS) considera que as empresas portuguesas do sector devem manter-se em Angola, apesar das dificuldades neste momento e nos próximos anos, porque "o potencial está lá”.

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Para Ricardo Pedrosa Gomes, Angola "com todos os problemas que tem, e são muitos, com todas as dificuldades que enfrenta e enfrentará, é um país com um potencial imenso em muitas áreas, além daquela em que assentou toda a sua economia nas últimas décadas", a do petróleo.

Por isso, as empresas de construção portuguesas que "estiveram nos bons, mas também nos maus momentos" do país não devem sair agora, deixando o lugar vago para outros, que "estiveram distraídos durante anos", o ocuparem.

"Claro que Angola tem problemas", gerados pela excessiva dependência do petróleo, admitiu o responsável da AECOPS, que há dois dias tomou posse como vice-presidente da nova entidade que integra a sua associação e a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), também designada AICCOPN e que será presidida por Reis Campos.

Numa entrevista à Lusa sobre o impacto da crise no mercado para as empresas portuguesas do sector da construção, Ricardo Gomes considerou também que, neste momento, Angola não tem a capacidade "de por si só, ou por iniciativa própria, relançar o investimento que é necessário em todas as outras áreas em que o potencial existe".

Mas "o mais importante é existir o potencial, e esse está lá, e mais tarde ou mais cedo vai revelar-se e atrair” outros investidores, afirmou, sublinhando ainda que é, precisamente, nestes momentos, de menor fôlego dos mercados, que se faz "a selecção entre aqueles que são resilientes e estratégicos na sua actuação e aqueles que são oportunísticos".

Na opinião de Ricardo Gomes, neste momento muitas das empresas já reduziram o risco de exposição ao mercado, diversificando as suas estratégias de internacionalização, e isso é uma vantagem neste momento.

Porém, "as empresas portuguesas que nos últimos cinco anos permaneceram em Angola são as que têm em relação à internacionalização e ao mercado angolano uma visão que não se esgota nos momentos, mas que tem perspectivas", assegurou.

Por isso, considerou que Angola continuará a ser "um mercado muito importante para as empresas de construção portuguesas". Até porque "foi responsável, na última década, por muitos dos processos de internacionalização de muitas, que era algo que até (...) 2005 não era exatamente um padrão do sector da construção", lembrou.

Mas o cenário em Angola "alterou-se radicalmente nos últimos quatro anos", afirmou.

As de pequena dimensão, que podiam viver só de coisas a fazer em Angola, "se calhar até desapareceram, porque ficaram sem mercado e também já não o tinham em Portugal", admitiu.

No caso das empresas de média e grande dimensão, assistiu-se a uma redução de 40 para 25 a 30 por cento.

O processo de redução começou precisamente a partir do momento em que Angola entrou em programas de assistência financeira, explicou.

Hoje, segundo o presidente da AECOPS, há cerca de 100 empresas portuguesas com dimensão em Angola.

No entanto, "há hoje várias empresas portuguesas, com capital, ou mesmo a maioria do capital português, que deixaram de existir em Portugal e existem em Angola", graças a um fenómeno que teve "muito a ver com a crise em Portugal", e que empregam hoje "muitos trabalhadores portugueses", explicou.

Para todos os efeitos, estas empresas são angolanas, e Ricardo Gomes exclui-as da sua contabilização.

Além destas, Ricardo Gomes recordou ainda as "muitas pequenas empresas na cadeia de fornecimento a exportarem para Angola".

A 21 de Abril o Governo anunciou, através de uma nota divulgada pelo gabinete da ministra das Finanças, Vera Daves, que iria “suspender a execução de todos os contratos no âmbito do Programa de Investimento Público, cuja fonte de financiamento não se encontre assegurada”.

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