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Economia

Negócio dos dólares nas ruas da capital envolto em receio após detenções

O receio começou a tomar conta do negócio de transacção, ilegal, de dólares nas ruas de Luanda, com quem vende a tentar passar despercebido, para fugir à polícia, mas com os preços muito acima da taxa de câmbio oficial.

Cesar Magalhaes:

A situação foi verificada numa ronda feita pela Lusa nos principais bairros de Luanda, no mesmo dia em que a polícia anunciou ter detido quatro pessoas por venda ilícita de dólares nas ruas da capital, um negócio feito sem controlo ou pagamento de impostos, por vezes até à porta das casas de câmbio.

Ainda assim, para comprar a nota de um dólar chegam a ser precisos 610 kwanzas, por exemplo na Mutamba, centro de Luanda, quando a taxa de câmbio oficial é de 166 kwanzas. Isto apesar de ser virtualmente impossível aceder a divisas nos bancos, dada a falta de moeda estrangeira.

Sempre sem se identificarem, algumas destas mulheres que ficam na rua a vender - conhecidas como ‘kinguilas’ -, explicaram à Lusa que desconfiam de qualquer abordagem, por recearem tratarem-se de polícias à civil.

"Eles estão a apertar muito. Não confiamos", contou uma destas mulheres à Lusa, que está a cobrar 600 kwanzas por cada nota de dólar, mas só quando aceita fazer negócio.

É que pelas ruas de Luanda, as detenções anunciadas pela polícia, na sequência do pedido de intervenção do Banco Nacional de Angola (BNA) tendo em conta os preços especulativos praticados, eram tema de conversa entre quem se dedica ao negócio.

Apesar de questionadas sobre os preços, algumas destas mulheres chegam a negar que estejam no negócio, para testar a insistência e real interesse dos clientes. Ainda assim, no bairro do Prenda, era possível encontrar a nota de dólar à venda por 595 kwanzas, enquanto nos Mártires do Kifangondo o preço subia para 600 kwanzas, sensivelmente os mesmos valores praticados na semana anterior.

O BNA recomendou este mês às "autoridades competentes" um "maior controlo e responsabilização dos agentes promotores do mercado informal de moeda estrangeira", ao mesmo tempo que pretende que a supervisão do banco central seja "mais actuante e enérgica na preservação da ética e cumprimento das normas do sistema financeiro".

A crise cambial que o nosso país atravessa, decorrente da quebra na cotação do petróleo, tornou praticamente impossível a compra de dólares aos balcões comerciais. Neste contexto, a opção pelo mercado de rua tem sido o último recurso para estrangeiros e nacionais, que necessitam de sair do país com divisas, apesar de as taxas de câmbio nunca terem sido tão altas.

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