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Olho seco – o que é e como tratar

Maria Inês Rodrigues

Maria Inês Rodrigues é licenciada em Medicina pela Universidade de Coimbra, em Portugal. Actualmente coordena o Departamento de Oftalmologia do Luanda Medical Center.

O olho seco, ou queratoconjuntivite sicca, é uma entidade extremamente frequente, tão frequente que é responsável por 30 por cento das consultas de Oftalmologia. Muitas vezes subestimado, afecta grandemente a qualidade da visão e acarreta numerosos e variados sintomas, que podem variar de um ligeiro desconforto à incapacidade de manter os olhos abertos.

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As pessoas em maior risco de sofrer de olho seco são as mulheres, em particular as na fase menopáusica, e idosos, acometendo 18 por cento dos indivíduos incluídos neste último grupo. Desconhece-se a sua incidência na população africana e afro-descendente.

Apesar de poder estar associado a  muitas doenças sistémicas, pode também surgir em indivíduos saudáveis quando alguns factores ambientais se reúnem. Em todos os casos, advém de um desequilíbrio do filme lacrimal, seja pela sua  evaporação excessiva (olho seco evaporativo) ou pela diminuição da sua secreção (olho seco por insuficiência lacrimal).

As  causas são variadas, e as mais comuns são exposição a um clima quente ou ventoso, exposição a ambientes poluídos, exposição a ar condicionado, uso de lentes de contacto, toma de certas medicações (nomeadamente antidepressivos, pílula e anti-histamínicos), uso prolongado de computador, alterações hormonais (sendo que a mais comum é a menopausa), cirurgia refractiva e doenças sistémicas (doença de Sjӧgren, lúpus eritematoso sistémico, entre outras) ou oftalmológicas (blefarite).

Os sintomas associados a olho seco são, como supramencionado, variados, e incluem: sensação de corpo estranho, ardor, irritação, prurido, lacrimejo, fotofobia, visão enevoada, intolerância às lentes de contacto, pestanejo frequente e flutuação da visão. Paradoxalmente, o olho seco está associado a um aumento da lágrima, mecanismo natural, mas ineficaz, desenvolvido pelo indivíduo para compensar a secura. Geralmente os sintomas são mais proeminentes ao final do dia, ao longo do qual os insultos à superfície ocular se vão acumulando.

O tratamento passa pela compensação da produção lacrimal e pela adopção de medidas preventivas.

A primeira geralmente é  conseguida através da instilação de colírios de lágrima artificial, preferencialmente sem conservante. Quando esta terapêutica é insuficiente, pode-se recorrer, em casos seleccionados, a medicação anti-inflamatória, aplicação de plugs lacrimais ou cirurgia. Se associado a doença sistémica, o tratamento da doença subjacente ir-se-á repercutir nos sintomas de olho seco.

As atitudes que pode tomar para reduzir os sintomas passam por:

- uso correcto do computador (mantenha uma distância de 50-60 cm e posicione o monitor de forma a manter o olhar dirigido para baixo), com pausas de 10 minutos de duas em duas horas – não tem de deixar de usar computador, apenas tem de rever a forma como o faz;

- usar um humidificador de ambiente;

- evitar ambientes de fumo;

- moderar a utilização de ar condicionado.

Se apresenta algum dos sintomas acima mencionados, ou se se inclui num dos grupos de risco referidos, deverá ser observado por um oftalmologista, de forma a esclarecer se sofre ou não de olho seco e, se tal se confirmar, adoptar as medidas adequadas para controlar a doença e minimizar os seus efeitos.

Opinião de
Maria Inês Rodrigues

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