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Costa Júnior diz que greve geral indica que governação anda distraída

O líder da UNITA considerou a greve geral “inédita” e “um indicador claro de que a governação tem andado distraída”. Adalberto Costa Júnior, que falava à margem do lançamento do livro "Estado Rico, Estado Pobre", do escritor sul-africano Greg Mills, realçou que a obra é lançada quando decorre no país a segunda fase de uma greve geral dos trabalhadores para exigirem ajustes salariais.

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Segundo o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), esta greve é inédita e "uma coisa rara", porque os sindicatos uniram-se.

Três centrais sindicais angolanas apresentaram, em Setembro de 2023, um caderno reivindicativo, a exigirem aumento do salário mínimo nacional, dos actuais 32.000 kwanzas, para 245.000 kwanzas, proposta "flexibilizada", entretanto, para 100.000 kwanzas e um reajuste do salário da Função Pública, na ordem de 250 por cento, e a redução em 10 por cento do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT).

"Isto é um indicador claro de que a governação tem andado distraída e de que é altura de parar, de reflectir, e de pôr o grande potencial que Angola tem. Angola tem um potencial impressionante direccionado ao caminho do desenvolvimento", sublinhou.

O presidente da UNITA defendeu a mudança de ideias e das barreiras partidárias, elogiando o actual nível de maturidade dos angolanos.

"Esqueçam um pouco esses muros partidários, reformem as ideias. As mudanças de mentalidade estão a ocorrer no âmbito do grande público, felizmente, a juventude está com maturidade, a população está um pouco mais informada, está com maturidade, mas as lideranças, aquelas do regime, estão cristalizadas, só pensam em si", vincou.

Adalberto Costa Júnior sublinhou que ficou espelhado na apresentação da obra, a ser lançada também nas províncias de Benguela e Huíla, que, "infelizmente, apesar dos valores elevadíssimos, das fortunas que se despendem em Angola" no Orçamento Geral do Estado, os cidadãos não são beneficiados, porque na sua maioria "não se dirigem efectivamente à criação de infraestruturas, de proximidade, de serviços, porque elas são quase sempre roubadas".

"Estes livros são um apelo, estamos todos de passagem, deixem uma herança positiva, governem para o povo, para o serviço e não para se servirem", exortou.

Também o deputado Abel Chivukuvuku disse que é importante os dirigentes do país lerem o livro, considerado um dos grandes problemas de Angola "que grande parte dos actores políticos não leem, não se cultivam".

"Com o Greg eu aprendi a aprender", disse Abel Chivukuvuku, para quem é necessário os angolanos aprenderem a corrigir as falhas, os desajustes, para não persistir permanentemente nos erros e nas coisas negativas.

A segunda fase da greve geral interpolada arrancou no dia 22 deste mês e termina no dia 30, tendo a primeira decorrido de 20 a 22 de Março passado, estando já programada a terceira fase para o período entre 3 e 14 de Junho deste ano.

As negociações entre as partes iniciaram-se em Dezembro de 2023, mas sem consenso até ao presente momento.

O executivo angolano decidiu propor um salário mínimo em função da dimensão da empresa, nomeadamente 48.000 kwanzas para as pequenas empresas, 70.000 kwanzas para médias empresas e 96.000 kwanzas para as grandes empresas, o que foi rejeitado pelos sindicatos.

A Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Força Sindical - Central Sindical (FS-CS) exigem também a atualização dos subsídios previstos no sistema das prestações sociais do Instituto Nacional de Segurança Nacional (INSS), bem como a gestão partilhada dos fundos do INSS, conferindo "transparência necessária".

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