Ver Angola

Sociedade

Especialista defende sistema de alerta para evitar mortes devido a chuvas em Luanda

O presidente da Associação Angolana de Projectistas e Consultores defendeu a conclusão do plano de macrodrenagem em Luanda e a implementação de sistemas de alerta de mau tempo para evitar a perda de vidas humanas.

:

Paulo Nóbrega, que falava à Lusa um dia depois das chuvas torrenciais que provocaram a morte de, pelo menos, 14 pessoas na capital, elencou um conjunto de soluções para mitigar o problema, que passam pela macro e microdrenagem, sistema de alerta e de alarme, recolha de lixo e educação da população.

"Enquanto não acabarmos a macrodrenagem vamos ter, no mínimo, danos materiais", destacou Paulo Nóbrega, acrescentando que, pelo menos, as mortes têm de ser evitadas.

"Sobretudo hoje com o conhecimento que temos de engenharia, é possível criar dispositivos técnicos que evitem consequências sobre a vida humana e a perda de bens materiais", complementou.

O especialista apontou entre os problemas da cidade a constante expansão e crescente impermeabilização do solo, diminuindo o tempo de concentração e aumentando a velocidade de escoamento da água, o que acarreta maiores consequências sobre pessoas e bens.

Lembrou ainda que o clima tropical, que se caracteriza pela elevada de precipitação em curtos períodos de tempo, "tem sempre consequências", que aumentam à medida que a cidade cresce.

"O que temos de fazer é arranjar equipamentos que levem a água desde o ponto em que toca no chão ou no telhado da casa até à linha de água ou o mar, sem trazer consequências", explicou o engenheiro.

Luanda, que contava cerca de 700 mil habitantes nos anos de 1970, tem actualmente oito a 10 milhões de habitantes.

O plano de macrodrenagem chegou a ser iniciado, mas está parado há três ou quatro anos o que representa "dramáticas consequências", reforçou, notando que "a cidade é um ser vivo" e todos os dias se fazem obstáculos ao normal andamento da água, dificultando a drenagem.

Até ser concluído devem ser criados dispositivos de alerta e de alarme que, colocados nas zonas de maior risco, onde se acumula maior caudal ou velocidade de água, permitam avisar as pessoas sobre os locais mais problemáticos em caso de precipitação intensa, o que depende também de um diagnóstico prévio.

Paulo Nóbrega considerou que a capacidade de actuação do governo provincial "é baixa", mas "não se pode dizer que seja desleixo", pois os problemas da cidade colocam-se essencialmente a nível de capacidade financeira e de conhecimento.

Sobre a falta de recolha que levou à acumulação de lixo dos últimos meses, afirmou que o problema afecta essencialmente o casco urbano, enquanto 80 por cento da população vive nos bairros periféricos.

"Não foi o lixo que entupiu os sistemas de drenagem", sublinhou, embora admita que a sua funcionalidade possa ficar afectada pelo acumular de resíduos.

O responsável indicou também problemas a nível de cobrança de taxas municipais, o que afecta o financiamento para actuar na capital.

"Estamos a fazer a recolha do lixo com dinheiro que é o investimento, que vem do Orçamento do Estado e não da despesa corrente", disse Nóbrega, apontando também a necessidade de educação e reconhecendo que o Estado não resolveu o problema da habitação em tempo útil com a maioria dos luandeses a viver em zonas precárias.

As chuvas torrenciais que atingiram Luanda na Ssegunda-feira fizeram 14 mortos e deixaram 8000 pessoas desalojadas, havendo ainda registo de desabamento de 16 casas, queda de 15 árvores, destruição de uma ponte, entre outros prejuízos ainda por calcular.

Relacionado

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.