O angolano foi condenado a 16 anos de prisão por um crime que não cometeu. Daniel Augusto foi preso com 17 anos, e saiu agora com 31 anos, depois de ter cumprido 14 anos da sentença.
O caso remonta a 2005, quando na aldeia de Daniel Augusto – no município de Chipindo, Huíla – foi encontrado um corpo. De acordo com o jornal Opaís, a vítima era vizinha de Daniel Augusto, que acabou por ser acusado, injustamente, do crime.
Desde o início da detenção que o caso levantou suspeitas: no dia em que foi detido, a polícia dirigiu-se até à casa do seu pai e perguntou onde estava Daniel Augusto. A polícia explicou que o homem estava a ser procurado pelas autoridades e que teria de ir até casa do soba para responder a algumas questões.
Já na casa do soba, o jovem acabou por ser acusado de ter morto o vizinho. De acordo com o mesmo jornal, a 14 de Agosto de 2005, Daniel Augusto foi levado até ao comando para interrogatório, mas isso acabou por não se concretizar. Três dias depois, o jovem foi presente ao Ministério Público que legalizou a detenção.
Daniel Augusto acabou por ser julgado no Tribunal Provincial da Huíla, tendo sido condenado com a sentença mais gravosa: 16 anos de prisão efectiva.
A dois anos de cumprir a totalidade da sentença, Daniel Augusto foi libertado depois de ter sido dado como inocente. O angolano saiu da prisão no dia 21 de Fevereiro de 2019.
A verdade acabou por ser descoberta pelo irmão de Daniel Augusto. De acordo com Opaís, Victorino Boano falou com várias pessoas para tentar perceber quais foram os verdadeiros motivos para a detenção do seu irmão.
Victorino Boano revelou que em 2014 a mulher da vítima confessou-lhe "que estava arrependida do que fez (...), a sua atitude tinha deixado preso o meu irmão há muitos anos".
Segundo a viúva, esta terá feito acusações falsas depois de ter sido obrigada por duas autoridades tradicionais. "Eu tive medo dos mais velhos, porque no dia em que chegaram a minha casa trouxeram homens mascarados. Não pude reconhecer os homens mascarados, mas reconheci o soba e o regedor, foram aqueles que mataram o meu marido", disse, citada pelo Opaís.
De acordo com a mulher, os dois mascarados mataram o seu marido e arrastaram-no para fora de casa. Disseram-lhe para limpar o local do crime, ameaçando-a de morte caso contasse o que se tinha passado a alguém.