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Opinião Lições de uma crise

Dispensar bons quadros não é eliminar "gorduras"

Quingila Hebo

Quingila Hebo é estudante de economia e jornalista na Revista Economia e Mercado.

Uma crise faz-se sempre acompanhar de lições. E com a tão apregoada crise do preço do “ouro negro”, não será diferente. Além da lição de que as empresas não devem, de jeito nenhum, continuar a ter o Estado como o número um na carteira de clientes, também irão perceber, com o tempo, que deviam ser mais cautelosos, mas ao mesmo tempo mais atrevidos, principalmente no que concerne à gestão da mão-de-obra.

Mike Hutchings:

Em tempo de crise requer-se das empresas mais inovação, produção, o que pressupõe maior investimento, não só em factores de produção como também em recursos humanos, mantendo as promoções de carreira, planos de formação dos trabalhadores e ajustes salariais, ainda que não muito significativos, para que estes se sintam mais motivados a produzir mais e dar o melhor de si para contornar os efeitos da crise.

Algumas empresas, em tempos de crise, querem ter os melhores quadros, mas não estão dispostas a pagar o “preço” justo pelos mesmos. Como estamos em crise, os gestores querem maior produção, duplicar os lucros, para não sentir a crise, sem que isso represente melhores compensações aos trabalhadores, simplesmente com a promessa de que vão manter os postos de trabalho.

Este clima de incertezas que os gestores transmitem aos trabalhadores está a fazer com que aumente a mobilidade dos bons quadros, procurando por empresas que garantam mais confiança. As medidas que estão a ser adoptadas pelas empresas, visando precaver-se dos efeitos da crise, denotam fragilidades, transmitem insegurança, como se se encontrassem numa situação de “integridade física” ameaçada. Outras empresas, as mais atrevidas, aquelas que pretendem ter maior quota de mercado, estão a tirar vantagem da crise, apostando na congregação e retenção dos melhores quadros do mercado, apostando em produtos inovadores, transmitindo confiança aos seus quadros com promoções de carreira, ajustes de salários, embora não significativos, o que permitirá se recuperar dos efeitos da crise a um ritmo mais acelerado do que aquelas que estão a dispensar bons quadros como uma forma de “eliminar gorduras”.

As empresas que estão a reduzir nas margens de lucros, que não são muitas, para agradar os melhores quadros que têm é que vão dominar o mercado, pois enquanto outras estão receosas em investir devido à crise, estas estão a apostar tudo para enfrentar “de cara” a crise, ganhar vantagem, ter maior quota de mercado e dominar após a crise, assim como orienta a teoria de jogos de estratégias em mercados de concorrência.

Opinião de
Quingila Hebo

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