"Fomos barrados de entrar no MAAN numa altura em que nós cumprimos com todos os formalismos necessários para que fizéssemos essa reunião – enviámos uma carta à instituição, fizemos o pagamento – e, mesmo assim, fomos impedidos (...). Acreditamos que tudo foi propositado, obedeceram a ordens superiores, porque não havia razões para não termos acesso à sala", disse na Sexta-feira o presidente do Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos (SNMA), Adriano Manuel.
A conferência de imprensa, que acabou por acontecer na zona adjacente ao MAAN, onde estavam concentrados mais de 70 profissionais da saúde, entre médicos e enfermeiros, era para "repudiar" o afastamento de seis profissionais do Hospital Pediátrico de Luanda David Bernardino por alegada negligência médica.
Trata-se de três médicas e dois enfermeiros demitidos e uma médica expulsa, todos pelo Ministério Saúde, que disse constatar "negligência médica" no caso de um menor que morreu no dia 1 de Janeiro passado, após aguardar quase duas horas para ser atendido.
Segundo Adriano Manuel, os profissionais visados não tiveram contacto com o referido paciente porque a chefe de equipa (demitida), os restantes médicos residentes e os enfermeiros estavam a atender pacientes graves nas enfermarias, considerando que a decisão do seu afastamento "foi diabólica".
O presidente do SNMA prometeu avançar para uma série de manifestações nacionais e uma greve geral nos próximos dias, até que os profissionais afastados sejam readmitidos, salientando que a unidade hospitalar conta com poucos funcionários para atender à procura.
"A chefe da equipa médica estava a ver outros doentes graves na enfermaria, não viu o doente, os dois rondas [enfermeiros] estavam nas duas alas de internamento, cada com mais de 100 doentes, e não viram o paciente [no banco de urgência]", referiu.
O médico pediatra assegurou que os profissionais do Hospital Pediátrico de Luanda "solidários" com os colegas afastados devem avançar com uma acção judicial contra o Inspector-geral da Saúde, porque "ele agiu de má-fé e de forma diabólica para preservar o seu cargo".
"Foi uma atitude diabólica, tudo porque ele quer preservar o seu cargo, ficou claro aí que ele quer preservar o seu cargo e nós não podemos ficar parados", declarou.
Segundo os resultados do inquérito do Ministério da Saúde, apresentados na Quarta-feira, foram verificados "actos de negligência graves" e "negação frontal" dos valores éticos por parte da equipa médica e que terão contribuído para a morte do menor de dois anos, cujo pai, na ocasião, gravou um vídeo clamando por ajuda na urgência daquele hospital.