"O chefe da diplomacia angolana manifestou-se estupefacto, considerando que todos os esforços para a resolução de conflitos são bem-vindos, mas que os problemas africanos deveriam ter resolução africana", lê-se num comunicado do Ministério do Interior, a que o VerAngola teve acesso.
Mas não foi apenas Téte António que foi apanhado de surpresa com este encontro. Segundo o titular da pasta das Relações Exteriores, também o Presidente da República, João Lourenço, foi surpreendido.
"O titular da pasta diplomática acrescentou ainda que João Lourenço, Presidente da República de Angola, manifestou-se surpreendido com a iniciativa do Qatar que juntou os dois líderes africanos em Doha", refere o comunicado.
Angola, que detém a presidência rotativa da UA, "não irá abandonar os membros e que no quadro da organização vai continuar em busca de soluções para trazer a paz no continente", assegurou ainda o governante.
As questões dos jornalistas surgiram quando o ministro da Relações Exteriores falava à imprensa sobre o balanço da visita do novo presidente da comissão da União Africana, Mahmoud Ali Youssuf, a Angola.
Youssuf, que deixou Luanda na manhã desta Quinta-feira, realizou uma visita de trabalho de 24 horas ao país.
"Na sala protocolar do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, o dirigente africano recebeu os cumprimentos de despedida de Téte António, ministro das Relações Exteriores de Angola e Presidente do Conselho Executivo da União Africana", que, falando à imprensa no local, "apresentou o balanço da visita do novo presidente da comissão da União Africana na capital angolana, onde centrou-se em questões de paz e segurança no continente africano, bem como nas Linhas Gerais da Presidência de Angola na União Africana".
Félix Tshisekedi e Paul Kagame reuniram-se em Doha, com o emir do Qatar, onde discutiram o conflito no leste congolês, que opõe as forças governamentais e o ao Movimento 23 de Março (M23), que é apoiado pelo Ruanda – segundo a ONU e países como os EUA, a Alemanha e a França.
Neste mesmo dia, estava agendado um encontro em Luanda entre delegações do governo da RDCongo e o M23, que foi adiado para "tempo oportuno", devido a "circunstâncias de força maior", como anunciaram as autoridades angolanas, na sequência da ausência do M23.
O Governo angolano, que assume o papel de mediador na procura de uma solução para o conflito em curso no leste da RDCongo, assegurou na altura que "continua a envidar todos os esforços para que o referido encontro se realize em momento oportuno, reafirmando ser o diálogo a única solução duradoura para a pacificação" naquela região da vizinha RDCongo.
Ao final do dia de Segunda-feira, o M23 anunciou que cancelava a sua participação no encontro, o primeiro que juntaria à mesma mesa rebeldes e autoridades congolesas, justificando a ausência face a posições de "instituições internacionais", isto depois do anúncio pela União Europeia de sanções contra interesses e pessoas ligadas às ofensivas dos rebeldes.
A actividade armada do M23 – um grupo constituído principalmente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994 – recomeçou em Novembro de 2021 com ataques relâmpagos contra o exército governamental no Kivu Norte tendo avançado em várias frentes e fazendo temer uma possível guerra regional.