Na reunião, mediada pelo emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al Thani, os chefes de Estado comprometeram-se com o empenho de todas as partes num cessar-fogo "imediato e incondicional”, afirmaram os três líderes numa declaração conjunta divulgada após a reunião em Doha.
“Os chefes de Estado concordaram então com a necessidade de prosseguir as conversações iniciadas em Doha, a fim de estabelecer bases sólidas para uma paz duradoura”, acrescentam no comunicado.
Os dois Presidentes, Félix Tshisekedi (RDCongo) e Paul Kagame (Ruanda), deviam ter-se encontrado numa cimeira de paz convocada para 15 de Dezembro em Luanda, depois de um acordo de cessar-fogo assinado na capital de Angola a 30 de Julho e que entrou em vigor a 4 de Agosto ter sido interrompido por novos combates. O encontro acabou por não acontecer devido à ausência de Kagame.
O encontro dos dois líderes em Doha ocorreu no mesmo dia em que estava previsto o início de um diálogo de paz directo entre delegações da RDCongo e dos rebeldes em Angola, que também actua como mediador do conflito.
A reunião em Angola não se chegou a realizar, após o M23 ter cancelado a sua participação na sequência da imposição de sanções contra alguns dos seus dirigentes pela União Europeia (UE).
Num comunicado divulgado ao final da tarde em Luanda, o Ministério das Relações Exteriores anunciou que o encontro entre delegações da RDCongo e do M23 foi adiado para “momento oportuno”, devido a “circunstâncias de força maior”.
“O Ministério das Relações Exteriores angolano leva ao conhecimento da opinião pública nacional e internacional que, por motivos e circunstâncias de força maior, não foi possível a realização, esta terça-feira, 18 de março, em Luanda, do encontro programado entre o Governo da República Democrática do Congo e o Movimento Março 23 (M23)”, lê-se no comunicado.
O Governo, que assume o papel de mediador na procura de uma solução para o conflito em curso no leste da RDCongo, assegura que “continua a envidar todos os esforços para que o referido encontro se realize em momento oportuno, reafirmando ser o diálogo a única solução duradoura para a pacificação” naquela região da vizinha RDCongo.
O encontro de Luanda marcaria o início das negociações directas para a paz e inseria-se nas “diligências levadas a cabo pela mediação angolana no conflito que afecta o leste da RDCongo”, segundo anunciou a Presidência.
João Lourenço, presidente em exercício da União Africana (UA) desde Fevereiro passado, tem actuado como facilitador para promover a paz e a segurança na região e reduzir as tensões entre a RDCongo e o Ruanda, país acusado de apoiar militarmente os rebeldes do M23.
O M23 tem avançado no território democrático congolês desde janeiro, altura em que tomou Goma, capital da província de Kivu do Norte.
Em Fevereiro, o M23, que é apoiado pelo Ruanda - segundo a ONU e países como os EUA, a Alemanha e a França -, apoderou-se de Bukavu, a capital estratégica da vizinha província de Kivu do Sul.
Os rebeldes controlam agora as capitais destas duas províncias, que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.