"Antecipamos que a economia angolana vá abrandar em 2025 devido a uma expansão mais lenta nos sectores petrolíferos e diamantíferos", escrevem os analistas do departamento africano desta consultora britânica, num comentário enviado aos clientes, e a que a Lusa teve acesso este Domingo.
Os analistas consideram que "a elevada inflação e os esforços de consolidação orçamental vão também limitar o potencial de crescimento mais elevado do Produto Interno Bruto".
Os mais recentes dados sobre a economia de Angola mostram um crescimento de 4,4 por cento no ano passado, ligeiramente abaixo da previsão da Oxford Economics, que esperava uma expansão de 4,5 por cento, e surgem dias depois de o Fundo Monetário Internacional (FMI) ter concluído uma avaliação da economia do país, ao abrigo do artigo IV, a análise anual à economia dos países membros do Fundo.
Para o FMI, Angola enfrenta o risco de ver as reformas comprometidas devido à aproximação de eleições que, apesar de serem apenas daqui a dois anos, podem prejudicar os esforços de consolidação orçamental, que o Fundo quer ver aprofundados.
A luta política "pode adiar a implementação de reformas chave, nomeadamente o fim dos subsídios aos combustíveis e a arrecadação de receitas internas, acelerando ao mesmo tempo as despesas de capital", diz o relatório consultado pela Lusa.
O FMI realça que a situação orçamental ficou mais frágil, apesar da diminuição da dívida pública para 64 por cento do PIB em 2024 e o aumento de 20 por cento nas receitas petrolíferas, devido ao fraco desempenho das receitas não petrolíferas, derrapagens nas despesas de capital e uma reforma mais lenta dos subsídios aos combustíveis que conduziram a um défice orçamental global de 1 por cento do PIB (em comparação com um excedente de 1,3 por cento do PIB em 2023).
O FMI diz que a economia angolana recuperou em 2024 para 3,8 por cento (face a 1 por cento em 2023), divergindo face aos números do Instituto Nacional de Estatísticas, que apontam para um crescimento de 4,4 por cento, mas nota que a dependência do petróleo continua a pesar no crescimento de médio prazo, tendo em conta a volatilidade dos preços e da produção desta matéria-prima, que representa 95 por cento das exportações e 60 por cento das receitas fiscais do país.
De acordo com a Folha de Informação Rápida relativa às contas do IV trimestre, esta variação positiva é atribuída fundamentalmente às actividades de Extracção de diamantes, Minerais metálicos e outros (44,8 por cento); Transportes e armazenagem (10,4 por cento); Pesca (12,2 por cento); Electricidade e água (6,5 por cento); Comércio (4,6 por cento); Outros serviços (4,9 por cento); Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória (4,3 por cento), Agro-pecuária (3,5 por cento) e Extracção e refinação de petróleo (2,8 por cento).