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Albino Pakisi admite que fim dos subsídios à gasolina faz prever “fortes convulsões sociais” em Angola

O analista político e social angolano Albino Pakisi admitiu “fortes convulsões sociais” com o fim dos subsídios à gasolina e de isenções às classes profissionais em Angola, acreditando no agravar das condições socioeconómica das famílias.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"Essa retirada da subvenção aos combustíveis deixa-me muito preocupado e isso pode provocar no futuro convulsões muito fortes, a menos que o Governo tenha tomado essa medida hoje e consiga em duas semanas baixar ou estabilizar os preços da cesta básica", afirmou, esta Quinta-feira, o analista.

Em declarações à Lusa, na sequência do decreto presidencial tornado público esta Quinta-feira que põe fim aos subsídios à gasolina, Pakisi questionou os propósitos da medida e o papel dos conselheiros do Presidente, João Lourenço, na definição das medidas económicas.

"Não percebo o que é que o Presidente da República quer fazer e onde quer chegar e o que é os seus conselheiros dizem sobre como está a situação [do país]. Porque ela está muito difícil e prevê-se aí convulsões sociais fortes e não sei qual a ideia que está por detrás disso", insistiu.

Para Albino Pakisi, a remoção dos subsídios à gasolina deve agravar ainda mais a já difícil situação social e económica das famílias angolanas, que enfrentam a subida diária dos produtos da cesta básica.

O analista recordou que a remoção parcial dos subsídios, em Junho de 2023, agravou a situação do país, que deve conhecer "dias piores" com a nova medida.

O também filósofo e docente universitário disse estar "surpreso" com esta decisão presidencial, numa altura em que, salientou, há reclamações de aumentos salariais para fazer face ao elevado custo de vida no país.

"Sinceramente pensei que o Estado angolano fosse pensar num melhor estado social no sentido de arranjar formas de apoiar essas famílias que estão cada vez mais carenciadas e trabalhar para que a cesta básica conhecesse preços estáveis", lamentou.

"Mas, os preços estão todos os dias a subir e o Governo vai retirar a subvenção dos combustíveis e vai retirar os cartões entregues a algumas classes profissionais?", questionou.

O Presidente, João Lourenço, deu mais um passo na retirada dos subsídios aos combustíveis ao acabar com as isenções atribuídas a algumas classes profissionais, a partir de 30 de Abril, segundo um decreto publicado em Diário da República.

O Governo angolano anunciou a 1 de Junho do ano passado, a retirada gradual do subsídio aos combustíveis, que começou pela gasolina, mas isentando algumas actividades económicas.

Entre estas incluíam-se actividades agropastoris familiares, pesca artesanal, taxistas e mototaxistas, através da entrega de cartões com um limite diário de 7000 kwanzas para cobrir o diferencial entre os 160 kwanzas por litro, que custava a gasolina e os actuais 300 kwanzas.

Segundo o decreto presidencial publicado esta Quinta-feira, o 'plafond' dos cartões de subsídio à gasolina será removido até 30 de Abril.

Albino Pakisi considerou que o processo de entrega de cartões de subsídio a taxistas, mototaxistas, pescadores artesanais e demais profissionais do sector produtivo "foi um falhanço", porque "muitos [desses profissionais] não receberam [os cartões subvencionados]".

"O Governo não foi capaz de dar esse cartão a todos os que necessitavam", concluiu o analista político e social.

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