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Economia

UNECA defende voz forte e unificada de África no novo sistema financeiro mundial

O secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) defendeu que África tem de ter uma voz unificada e forte para defender o continente no debate sobre a reformulação do sistema financeiro global.

: John Images
John Images  

"A arquitectura financeira global precisa de ser reformulada, tem de resultar para todos e refletir a nova dinâmica económica mundial", disse Clever Gatete na abertura da conferência dos ministros das finanças, que decorre até Terça-feira em Victoria Falls, no Zimbabué.

No discurso de abertura da reunião, a primeira desde que a União Africana ganhou um lugar permanente no G20, Gatete lembrou que é preciso "resolver o problema das perceções de risco e avaliações de rating injustas, que limitam a capacidade de endividamento de África" e vincou que "não é possível aceitar que só dois países em África tenham uma recomendação de investimento por parte das agências de rating, e 22 países nem sequer tenham um rating".

Para o líder da UNECA, estas avaliações erradas sobre o risco de investir no continente custam 74,5 mil milhões de dólares, segundo os cálculos do Programa de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas e dificultam a obtenção dos mais de 3 biliões de dólares de que o continente precisa até 2030 para lidar com as alterações climáticas e financiar o desenvolvimento das economias. 

"Com uma margem orçamental cada vez menor, ao ponto de ser o tema mais importante para os ministros das Finanças", África enfrenta também um baixo crescimento de 2,7 por cento em 2023, que abranda para 2,4 por cento este ano, e com uma inflação de 20 por cento, por isso "o futuro parece sombrio", disse o responsável, lembrando também o problema da dívida, que subiu 180% desde 2010 e deixou 21 países em risco de ou já em sobre-endividamento.

Apresentando os próximos passos, Gatete disse que a reunião desta Segunda e Terça-feiras servirá para definir a posição africana, que será depois debatida no Fórum Regional Africano sobre o Desenvolvimento Sustentável, em abril, e levada pela União Africana à Cimeira do Futuro, em Setembro, nas Nações Unidas.

"Há 80 anos, era normal não estarmos na mesa das decisões, e é provavelmente aceitável que não tenhamos estado na discussão sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, mas ninguém nos vai perdoar se não ocuparmos um lugar central enquanto arquitetos de uma nova ordem financeira mundial que resulte para nós", concluiu.

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