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Autoridades angolanas em contactos com M23 para alcançar cessar-fogo na RDCongo

O Presidente da República disse esta Quinta-feira que as autoridades do país estão a tentar negociar um cessar-fogo com o grupo armado M23 na República Democrática do Congo (RDCongo) e admitiu que “não está fácil” acabar com a guerra.

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João Lourenço abordou a situação política regional, mais concretamente na República Democrática do Congo, em entrevista à rádio francesa RFI, onde falou também do que espera da visita do seu homólogo francês, Emmanuel Macron, que chega a Luanda esta noite.

O Presidente considerou que não está fácil terminar a guerra naquele país vizinho e adiantou que desde Terça-feira estão a decorrer contactos entre as chefias do M23 com as autoridades angolanas, contudo, sem resultados ainda.

"Começar uma guerra, um conflito armado, pode-se começar de um dia para o outro, é dar o primeiro tiro e esse conflito começou, terminar com esse conflito armado, com essa guerra, é muito mais difícil e leva tempo e não vale a pena termos a ilusão de pensar que é fácil e que de um dia para o outro pode-se acabar com o conflito", frisou, dando o exemplo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, um ano passado sem um fim à vista.

"Com relação à RDCongo é um bocado o mesmo princípio, não termos a ilusão de pensar que ele amanhã vai acabar, se fosse possível seria o ideal, mas a realidade não é bem assim", acrescentou.

As ofensivas do M23 já obrigaram mais de meio milhão de pessoas a abandonarem as suas casas, segundo a ONU, e desencadearam uma escalada de tensão entre a RDCongo e o Ruanda, devido à alegada cooperação de Kigali com este grupo rebelde.

Angola tem mediado as negociações de paz entre os dois países, que resultou no estabelecimento do denominado Roteiro de Luanda.

João Lourenço lembrou que na última cimeira de Luanda foi alcançado um primeiro cessar-fogo, "que lamentavelmente foi sucessivamente violado".

"Estamos a lutar para se conseguir um novo cessar-fogo e passar imediatamente ao acantonamento das forças do M23 e consequentemente à reinserção na sociedade congolesa dos componentes do M23", referiu.

Segundo o Presidente, na cimeira de Adis Abeba Angola ficou incumbida de manter contactos directos com o M23 para trabalhar com eles o cessar-fogo e acantonamento das forças, o que já está a acontecer ao nível das chefias do movimento.

"Não temos ainda resultados, estão acontecer desde ontem [Terça-feira]. A mesma cimeira de Adis Abeba decidiu também que, tão logo se consiga o cessar-fogo, deve haver o desdobramento da força regional, da região da África do leste, que é composta por cinco países, dos quais apenas um, o Quénia em concreto, já tem as suas forças no terreno", indicou.

A falta de recursos financeiros está a dificultar a presença da Tanzânia, Burundi, Sudão do Sul e o Uganda, estando o Conselho de Paz e Segurança da União Africana a trabalhar para conseguir mobilizar esses recursos, explicou ainda João Lourenço.

Sobre a visita do Presidente francês, Emmanuel Macron, que chega esta Quinta-feira a Luanda, após uma passagem pelo Gabão e terá na RDCongo a etapa final do seu périplo africano, disse que espera que reforce as relações de amizade e de cooperação entre os dois países.

João Lourenço destacou que a França está presente em Angola há décadas, no sector petrolífero, mas nos últimos anos a aposta do país é "continuar a explorar petróleo e gás, mas prestar particular atenção a outros sectores da economia".

"E isso já está a acontecer, felizmente, talvez não na medida do que seria desejável e da parte da França nós contamos investimento privado francês em quase todos os sectores da economia praticamente fora do sector petrolífero, a agricultura, agro-pecuária, a transformação dos produtos do campo", salientou.

Relativamente ao sector dos petróleos, João Lourenço frisou que estão em construção três refinarias nas províncias de Cabinda, Zaire e Benguela, por "não ser normal que um país como Angola, que tem uma grande produção de petróleo, não tivesse tido até há bem pouco tempo capacidade de transformar pelo menos parte do crude que explora".

"Angola, nos próximos três anos, vai ser autónoma em termos de produtos refinados de petróleo. O nosso objectivo é deixar de importar diesel e gasolina para além do investimento em fontes renováveis de energia", disse.

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