Cerca de uma centena de pessoas aguardam desde manhã pelo desfecho do caso, cada vez mais impacientes, face à falta de informação por parte dos órgãos judiciais quanto ao início da sessão que vai decorrer no Tribunal da Comarca de Luanda (D. Ana Joaquina).
As pessoas concentraram-se no hall do tribunal, um espaço onde a falta de ar condicionado torna mais difícil de suportar o calor que se tem feito sentir, a partir das 09h00, mas só às 13h00 lhes foi permitido entrar para a sala, onde continuam a aguardar pelos juízes.
Os arguidos, entre os quais o ex-líder espiritual da igreja em Angola, Honorilton Gonçalves, actualmente ausente no Brasil, são acusados dos crimes de associação criminosa, branqueamento de capitais e violência doméstica.
No julgamento, iniciado em 18 de Novembro de 2021, são co-arguidos o bispo angolano António Ferraz, o pastor brasileiro Fernandes Teixeira e o pastor angolano Belo Kifua.
Em causa está a divisão da IURD em Angola, desde 2019, quando bispos e pastores angolanos acusaram os gestores brasileiros de vários crimes, nomeadamente branqueamento de capitais, evasão de divisas, obrigação da vasectomia, bem como racismo.
Os brasileiros acusam os bispos e pastores angolanos, que se afastaram da igreja, de actos de xenofobia e agressões, na sequência da tomada à força de templos, em todo o país.
A justiça angolana abriu o processo que está agora em julgamento, encerrou os templos e convidou missionários brasileiros a deixarem o território angolano.
Por sua vez, as autoridades angolanas reconheceram como legítimo interlocutor com o Governo a ala reformista, liderada pelo bispo Valente Bezerra Luís.