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Sentença do julgamento da IURD pode ser conhecida com arguido Honorilton Gonçalves ausente

A sentença do julgamento da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) de Angola, marcada para Quinta-feira, poderá ser ditada sem a presença no país do arguido brasileiro Honorilton Gonçalves, disse à Lusa fonte da organização religiosa.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

Segundo o bispo da IURD Angola, Alberto Segunda, Honorilton Gonçalves está ausente de Angola há mais de três meses e o seu regresso está condicionado a um pedido que a IURD fez ao Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), que dá o aval para os bispos missionários e até à presente data não há resposta.

"Até agora não tivemos resposta, é a única coisa que condiciona a vinda do bispo Gonçalves cá", disse Alberto Segunda, admitindo a hipótese de a leitura do acórdão acontecer sem a presença de Honorilton Gonçalves.

Questionado se a igreja fez alguma pressão para a obter o aval, Alberto Segunda explicou que o procedimento é a instituição fazer o pedido e esperar pela resposta.

"Resposta esta que até agora não foi dada", disse o bispo, acrescentando que a solicitação foi feita logo após a saída do arguido do país, passando já mais de três meses desde que se ausentou de Angola para visita familiar e avaliação médica.

Honorilton Gonçalves, ex-líder espiritual da IURD em Angola, deixou o país em Dezembro de 2021, depois de o tribunal levantar a restrição de saída do território angolano imposta ao arguido, por quase 14 meses, devido à impossibilidade legal de uma nova prorrogação.

No julgamento, iniciado em 18 de Novembro de 2021, são co-arguidos o bispo angolano António Ferraz, o pastor brasileiro Fernandes Teixeira e o pastor angolano Belo Kifua Miguel, acusados de associação criminosa e branqueamento de capitais.

Em causa está a divisão da IURD em Angola, desde 2019, quando bispos e pastores angolanos acusaram os gestores brasileiros de vários crimes, nomeadamente branqueamento de capitais, evasão de divisas, obrigação da vasectomia, bem como racismo.

Sobre a sentença, o bispo Alberto Segunda, que lidera a parte brasileira depois das divergências, manifestou-se expectante, "no sentido de que todas as acusações que recaem sobre os réus estão ausentes de provas".

"Durante esse tempo todo que os réus vêm sendo acusados, até agora não vimos nenhum dos crimes serem provados em todas as sessões de julgamento, nenhum dos crimes que recai sobre os réus foram provados", reafirmou.

Alberto Segunda alega que as pessoas que foram acusadas no período em que os supostos crimes aconteceram "não estavam no país, não estavam à frente do trabalho da IURD".

"Como é possível condenar pessoas que não estavam nesse período? Então, acredito que tem que haver ou haverá absolvição, pelo facto de que nada recai sobre os réus. Essa é a nossa expectativa, a nossa visão, e nós cremos que será essa dessa forma", enfatizou.

O bispo garantiu que estão abertos ao diálogo com a outra parte ainda que a sentença seja favorável ou não.

"Aliás já temos feito isso. Para quem acompanha os nossos programas de TV, de rádio, nós temos apelado aos outros que se desvincularam da instituição, que saíram, a voltarem", referiu.

"A questão não é apenas voltar para a instituição, voltar de maneira que as pessoas possam se reconciliar, primeiramente com Deus, porque quem não se reconcilia com Deus não tem paz interior, sofre, e tudo o que nós queremos é que as pessoas tenham paz interior, estejam bem, estejam alegres, é isso que queremos", complementou.

Os brasileiros acusam os bispos e pastores angolanos, que se afastaram da igreja, de actos de xenofobia e agressões, na sequência da tomada à força de templos, em todo o país.

A justiça angolana abriu o processo que está agora em julgamento, encerrou os templos e convidou missionários brasileiros a deixarem o território angolano.

Por sua vez, as autoridades angolanas reconheceram como legítimo interlocutor com o Governo a ala reformista, liderada pelo bispo Valente Bezerra Luís.

A Lusa contactou igualmente David Mendes, que representa o ramo dissidente da IURD em Angola, para saber quais as suas expectativas quanto ao desfecho do caso, mas o advogado preferiu não comentar.

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