Angola também não é uma excepção. A economia começou a ressentir-se pois ainda continuamos ancorados à principal fonte de receita que são os impostos provenientes do sector petrolífero. As previsões quer de crescimento, quer de receitas, ficam assim goradas com a queda abrupta do preço barril de petróleo no mercado internacional.
O OGE do corrente ano perspectivava uma produção média diária de 1 milhão 436 mil e 900 barris de petróleo, metas infelizmente que não serão alcançadas fruto do COVID-19 e, também do abrandamento da variável procura. As fábricas e indústrias estão paralisadas e a procura por energia caiu substancialmente. Outrossim, o preço do barril encontra-se abaixo do perspectivado no OGE que são de 55 usd/barril. O cenário actual faz com que o país perca mais 40 milhões de dólares diariamente.
Acompanhamos esta semana uma série de medidas que foram anunciadas pelo Executivo para fazer face à situação actual, no entanto, a economia continua ser a principal preocupação, pois ela é comparada ao "coração" que bombeia o sangue para todas as partes do organismo.
A Ministra das Finanças, Vera Daves, anunciou algumas das medidas avançadas pelo Conselho de Ministros (CM) para atenuar o impacto na economia nomeadamente:
- Redução de 28 para 21 nos Departamentos Ministeriais;
- Revisão do OGE;
- Colocar mãos a 1,5 mil milhões de USD do Fundo Soberano para fazer face ao COVID-19;
- Redução das viagens dos membros do Executivo;
- Aceleração das privatizações;
- Regularização de todos os atrasados no sistema;
- Proibição da compra de viaturas de luxo;
- Etc..
Tive o cuidado de analisar que as medidas referenciadas não têm um impacto directo em dois aspectos que são fulcrais nesta altura, nomeadamente: preservação das empresas e do emprego. Muitas das medidas anunciadas recentemente já fazem parte de um pacote de medidas tomadas desde que eclodiu a crise no ano de 2018 e, muitas não foram cumpridas, apenas para referenciar, a compra de "viaturas topo de gama" e "viagens em primeira classe".
A meu ver faltaram medidas para amenizar o impacto do COVID-19 no sector produtivo do país (empresas) que é a principal fonte de geração de renda, emprego, bens e serviços.
Poderiam, serem avançadas 10 medidas que ajudariam as empresas e os empregos, nomeadamente:
- Isenção pagamento dos juros e multas enquanto durar a pandemia;
- Redução do imposto industrial em 50%, de 30% para 15%;
- Alargamento do pagamento do Imposto Industrial até o mês de Novembro;
- Suspensão das execuções fiscais enquanto durar a pandemia;
- Pagamento do IRT e Contribuição Segurança Social em prestações;
- Corte subsídios: renda de casa, manutenção de residência e reinstalação;
- Criação e um fundo de apoio aos trabalhadores informais;
- Fundo para apoio pagamento salários dos funcionários das empresas privadas, enquanto durar a crise, poderiam ser identificadas empresas chave (pequenas, médias e grandes);
- Redução do IVA para 5%;
- Criação de um plano nacional para preservação do emprego.
Se as medidas tomadas pelo Executivo não tiverem o seu impacto directo nas empresas, o que se espera num curto espaço de tempo é que, grande parte delas venha a sucumbir, pois não estarão em condições de suportar os custos fixos por muito tempo, numa fase em que se verifica um abrandamento da economia mundial e nacional.
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A opinião de... Abel Quijila