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Luvualu de Carvalho: Há muitas oportunidades para os portugueses que queiram investir ou trabalhar em Angola

O embaixador itinerante de Angola, Luvualu de Carvalho, afirma que existem muitas oportunidades para os portugueses que queiram investir ou trabalhar em Angola, mas reconheceu que “as condições já não são as mesmas”.

Jornal de Notícias:

“Digo abertamente que as condições não são as mesmas que tivemos entre 2009 e 2015 porque numa economia que tinha o barril de petróleo cifrado entre os 80 e os 100 dólares e hoje tem o barril estimado entre os 27 e os 45 dólares, naturalmente que os ganhos não são os mesmos”, disse o embaixador, em entrevista à agência Lusa, em Lisboa.

No entanto, o diplomata referiu que “o mercado tem outras potencialidades que ainda não foram exploradas, como turismo, economia diversificada fora do sector petrolífero, como a distribuição alimentar”.

Referindo que esta crise económica e financeira “não afecta apenas Angola, mas todos os países da OPEP [Organização dos Países Exportadores de Petróleo]”, Luvualu de Carvalho disse acreditar que se trata de uma “situação transitória” e que “as empresas portuguesas e os cidadãos portugueses que continuam a acreditar em Angola poderão ter a garantia de que a sua aposta não sairá gorada”.

Estima-se que vivam cerca de 200.000 portugueses em Angola e estejam instaladas no país cerca de 4800 empresas portuguesas.

Questionado sobre se as medidas anunciadas pelo Governo angolano para fazer face à crise económica e financeira são suficientes, o embaixador considerou que “estas medidas são como os orçamentos” e que “sempre que necessário podem ser revistas”.

“Já houve uma estabilização em relação ao impacto inicial, em alguns momentos alguns bens foram mais difíceis de transaccionar com empresas angolanas porque tinham menos poder de ter divisas”, considerou, referindo que a nova administração do Banco Nacional de Angola “está a tomar outras medidas para poder alocar divisas aos bancos comerciais para que os bancos comerciais entreguem estas divisas aos cidadãos”.

O Governo angolano anunciou em Janeiro o lançamento de um programa de resposta à quebra das receitas associada à venda do petróleo, que prevê um corte cortar nas importações de bens e serviços, além de medidas nos domínios fiscal e monetário.

Angola vive uma crise financeira, económica e cambial devido à quebra da cotação do barril de crude no mercado internacional e só em 2015 perdeu mais de metade das receitas fiscais da exportação de petróleo, face ao ano anterior.

Entre os objectivos do Governo angolano com este plano para reagir à crise, está ainda o aumento da produção nacional e a promoção da exportação de bens e serviços "a curto prazo".

"Ele visa igualmente aumentar a receita tributária não petrolífera, optimizar a despesa pública e racionalizar a importação de bens e serviços", lê-se no comunicado em que foi anunciado o plano.

Portugal é o principal fornecedor de bens e serviços a Angola, logo seguido da China, com cerca de nove mil empresas nacionais a trabalharem para o mercado angolano.

No entanto, as exportações de Portugal para Angola caíram mais de 30 por cento nos primeiros 11 meses de 2015, face a igual período de 2014, para 1.957.301 euros, segundo divulgou este mês o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Angola iniciou o ano de 2015 com um Orçamento Geral do Estado (OGE) projectado para obter receitas com a exportação do barril de petróleo a 81 dólares, documento que foi revisto logo em Março para uma perspectiva de 40 dólares, obrigando a um corte de um terço em toda a despesa pública.

Para este ano, a previsão do Governo no OGE foi de 45 dólares por barril, cotação que actualmente, no mercado internacional, ronda os 30 dólares, devendo obrigar, de novo, a uma revisão das contas públicas em 2016.

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