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Economia

Dívida pública de Angola arrisca juros de 17 por cento ao ano

A dívida de Angola já vale metade da riqueza produzida no país e os investidores exigem juros cada vez mais altos para emprestarem dinheiro apesar de os analistas considerarem que o rácio entre a dívida e o PIB ainda é sustentável.

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"O nível de dívida pública em Angola continua sustentável, mas o país está a ser penalizado por ter muita dívida em dólares, pela desvalorização do kwanza e com o risco percepcionado pelo mercado a aumentar", comentou à Lusa o analista Tiago Dionísio, vice-presidente da consultora Eaglestone, com escritórios em Londres, Lisboa, Lunada e Joanesburgo.

"No princípio de Março, a taxa das 'eurobonds' emitidas em Novembro estava a quase 12 por cento, mas já esteve acima de 13 por cento para uma emissão de 9,5 por cento, o que mostra que os investidores exigem um prémio elevado por causa da incerteza que existe", acrescenta o consultor especializado nos mercados de Angola e Moçambique.

Em Novembro, o Governo de Angola conseguiu angariar 1,5 mil milhões de dólares nos mercados internacionais, a uma taxa de juro de 9,5 por cento ao ano durante dez anos, o que praticamente equivale a dizer que dentro de uma década, Angola terá pago praticamente 3 mil milhões de euros só por este empréstimo.

Para compensar a descida nas receitas fiscais, Angola, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, um dos principais parceiros comerciais da China no continente, e dependente desta 'commodity' para mais de 95 por cento das exportações e mais de 75 por cento das receitas fiscais antes da crise de 2014, implementou um plano de austeridade e deixou a dívida pública aumentar para quase metade do PIB.

Só no segundo semestre de 2015, para além da emissão de ‘eurobonds’ de Novembro, Angola pediu empréstimos de 6 mil milhões de dólares da China, 650 milhões acordados com o Banco Mundial (divididos entre um empréstimo de 450 milhões e mais 200 milhões de garantias), mil milhões à Société Générale e ao BBVA, e mais 500 milhões à Goldman Sachs e Gemcorp.

"Olhando para trás, e como já teve um problema igual em 2008/2009, podíamos dizer que deveria ter diversificado a economia logo desde então, mas no contexto actual e com a rapidez com que o petróleo desceu de preço, seria difícil evitar que isto acontecesse, principalmente pela falta de reformas estruturais", disse Tiago Dionísio.

O aumento da dívida pública, que passou de 32 por cento do PIB em 2012 para quase 50 por cento em 2015, é apenas uma das consequências do abrandamento da economia chinesa e da crise petrolífera, que limitou o crescimento para cerca de 3,5 por cento no ano passado, mais ou menos metade da taxa que Angola registou nos últimos três anos, e fez a moeda local desvalorizar-se significativamente, originando igualmente uma crise de divisas que deixou as prateleiras dos supermercados praticamente vazias, principalmente nos produtos importados.

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