De acordo com a mesma informação, ainda preliminar, Angola contava no final de 2015 com 519,5 mil milhões de kwanzas em notas e moedas em circulação no sistema financeiro nacional.
Contudo, no mês de Janeiro, esse registo caiu para 457,3 mil milhões de kwanzas, o mais baixo desde 2013, mas quando os preços atingiram em Angola máximos de mais de cinco anos e uma inflação a um ano de 17 por cento.
Entre Dezembro e Janeiro deixaram de estar em circulação, segundo os dados do BNA, o equivalente a 62 mil milhões de kwanzas (387 milhões de dólares) em notas e moedas, mas sem que a instituição adiante uma explicação oficial, conhecendo-se apenas a estratégia governamental de concentrar pagamentos de salários e outros através de transferências bancárias, também para fomentar a poupança.
A Lusa noticiou a 7 de Março que o preço pedido pelo dólar norte-americano nas ruas de Luanda está em quebra há vários dias, descida que quem vende relaciona precisamente com falta de kwanzas, a moeda nacional angolana, para poder fazer negócio.
Numa ronda feita então pela Lusa em Luanda, as 'kinguilas', como são conhecidas as mulheres que transaccionam informalmente na rua, pediam entre 320 a 380 kwanzas para vender cada dólar. Há pouco mais de duas semanas esse valor, que vinha sempre a crescer, chegou à marca histórica de 420 kwanzas para comprar apenas um dólar.
"Não está a ser fácil conseguir o kwanza para comprar o dólar [para depois vender], por isso há menos negócio", explicava então uma destas 'kinguilas', no centro de Luanda, sem se identificar, já que este é um negócio ilegal. Em alguns pontos da capital há já quem venda o dólar a menos de 300 kwanzas, como a Lusa constatou na mesma ronda, embora com menos negócio.
Com o acesso a divisas praticamente suspenso nos bancos angolanos e as casas de câmbio oficiais sem dólares, o mercado de rua tornou-se há muitos meses na única alternativa para quem pretende enviar divisas para o exterior e mesmo viajar.
O câmbio oficial do Banco Nacional de Angola aponta coloca cada dólar a valer pouco mais de 159 kwanzas, que apesar da descida que se verifica na rua ainda é metade dos preços pedidos pelo mercado informal.
Em Junho de 2014, antes de começar a crise da cotação do petróleo, o mercado de rua e a taxa oficial estavam praticamente equiparados, nos cerca de 100 kwanzas por cada dólar.
Angola viva há cerca de um ano e meio uma profunda crise financeira, económica e cambial, decorrente da crise da cotação do crude no mercado internacional, que fez diminuir para menos de metade as receitas com a exportação de petróleo e com isso a entrada de divisas no país, necessárias nomeadamente para garantir as importações de alimentos.