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Governo reúne-se com investidores do Médio Oriente e EUA para preparar emissão de dívida

O Governo reuniu-se na semana passada com potenciais investidores do Qatar, Omã e Emirados Árabes Unidos para aferir o interesse numa emissão de dívida externa, planeando também reuniões similares nos Estados Unidos, noticia a Bloomberg.

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De acordo com esta agência de informação financeira, responsáveis do Ministério das Finanças vão a Boston e Nova Iorque para a semana apresentar as projeções macroeconómicas do país, repetindo a informação disponibilizada aos potenciais investidores do Médio Oriente.

O Governo planeia emitir até 2 mil milhões de dólares de dívida pública para equilibrar o orçamento e tentar estender as maturidades da dívida actual, baixando assim os custos de servir a dívida.

Angola emitiu 'Eurobonds' (dívida em moeda estrangeira) pela última vez em 2022, tentando aproveitar as baixas taxas de juros antes da previsível subida por parte da Reserva Federal norte-americana.

De acordo com a agência de notação financeira Standard & Poor's, Angola terá de pagar 864 milhões de dólares de uma dívida que vence em Novembro, enquanto a dívida total externa vale cerca de 70 por cento do PIB, lembra a Bloomberg.

"Este ano, vamos aos mercados emitir Eurobonds", disse José de Lima Massano à Bloomberg em Davos no final de Janeiro, à margem do Fórum Económico Mundial, dizendo que “não será diferente” do que já fez antes e vincando que o objectivo é emitir “mil milhões de dólares, mas pode chegar a dois mil milhões de dólares".

Os preços e as maturidades das emissões são "críticos, para não haver pressão adicional sobre a dívida pública", disse Massano, acrescentando: "Só espero que a inflação continue na trajectória descendente para podermos ter mais acesso aos fundos".

Angola é um dos países africanos que gasta mais dinheiro a pagar juros da dívida do que a investir na educação e saúde, de acordo com o Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas (UNDESA).

"Em várias das maiores e mais populosas economias de África, incluindo Angola, Egipto, Gana, Nigéria e Uganda, os pagamentos de juros da dívida excederam o total de despesas em educação e saúde nos últimos anos, mostrando as difíceis escolhas políticas que os governos enfrentam", lê-se no relatório sobre a Situação e Perspetivas Económicas para 2025, divulgado pelas Nações Unidas no princípio de Janeiro.

Alguns destes países, incluindo Angola, têm de gastar mais de 25 por cento da sua receita para servir os juros da dívida, lê-se no relatório, divulgado na mesma altura em que uma análise da Organização Não-Governamental Debt Justice aponta Angola como o país do mundo em que uma maior percentagem da receita (66 por cento) é usada para pagamento de dívida.

Angola vai ter de pagar um total de 6,2 mil milhões de dólares em 2025, representando 5,2 por cento do PIB, e 5,4 mil milhões de dólares em 2026, representando 4,2 por cento do PIB, o que compara com os 5,4 mil milhões de dólares pagos em 2024, diz a Fitch Ratings numa análise recente à economia nacional, apresentando estes valores como o total de dívida que será paga nestes anos, que inclui os juros e os pagamentos na maturidade dos empréstimos.

Na entrevista à Bloomberg, reconheceu que o país enfrenta dificuldades no âmbito dos pagamentos de dívida, mas salientou que o rácio da dívida sobre o PIB caiu para 60 a 65 por cento.

"Estamos a tentar ao máximo alargar as maturidades", disse o ministro, acrescentando que apesar de o país estar a seguir as diretrizes do Fundo Monetário Internacional (FMI) relativamente à gestão dos recursos, não vai precisar de outro programa de financiamento.

O ministro recordou que a economia de Angola cresceu "ligeiramente acima de 4 por cento" no ano passado, valor igual ao previsto para este ano, alicerçado nos sectores fora do petróleo e no programa de privatizações.

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