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UNITA recomenda negociações salariais entre Governo e sindicatos

UNITA, maior partido da oposição, recomendou aumentos salariais e negociações entre o Governo e três centrais sindicais, que ameaçam com uma greve geral por falta de consenso sobre o aumento do salário mínimo.

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A posição foi expressa através do “Governo sombra” da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que defende também aumentos salariais para os restantes trabalhadores angolanos.

Na conferência de imprensa, o primeiro-ministro do "Governo sombra", Raul Taty, referiu que os aumentos não só vão ajudar a aliviar “o fardo financeiro sobre os trabalhadores e suas famílias”, com vão igualmente estimular o consumo interno, impulsionando assim a atividade económica e contribuindo para o crescimento sustentável do país.

Raul Taty frisou que “é crucial que esses aumentos salariais sejam acompanhados por medidas que promovam a produtividade e a competitividade, garantindo assim a sustentabilidade a longo prazo”.

“Portanto, instamos as autoridades governamentais, as empresas e os sindicatos a colaborarem na formulação e implementação de políticas que garantam aumentos salariais justos sustentáveis, visando o bem-estar dos trabalhadores e o progresso económico de Angola como um todo”, sublinhou.

O mesmo responsável da UNITA disse que é grande a preocupação do partido relativamente à presente situação socioeconómica de Angola e, muito particularmente, sobre uma greve geral iminente dos trabalhadores, conforme anúncio recente das centrais sindicais.

“É necessário que a concertação social, assente no diálogo honesto, tenha carácter permanente e regular no país, não apenas para negociar salários, mas também para exigir dos trabalhadores uma postura de trabalho mais eficiente que promova ganhos de produtividade capazes de impulsionar o crescimento económico”, declarou.

Segundo Raul Taty, deputado à Assembleia Nacional, em 2023 os angolanos assistiram “a mais uma derrapagem da economia angolana, como resultado direto das medidas de cunho eminentemente eleitoralista assumidas em 2022, ano eleitoral”.

“Esta derrapagem foi particularmente evidente no mercado cambial, onde se observou uma acentuada depreciação do Kwanza, nomeadamente de 38,8 por cento face ao USD [dólar] e 36,8 por cento em relação ao euro. A taxa de câmbio atingiu níveis historicamente elevados, tendo o dólar encerrado o ano cotado em 828,776 kwanzas enquanto o euro cotava-se em 908,227 kwanzas”, descreveu.

No mês passado, centrais sindicais anunciaram uma greve geral na função pública para Março, considerando que o Governo “fez ouvidos de mercador [e] menosprezou” a proposta de aumento salarial na ordem dos 250 por cento.

“A greve será no mês de Março, reservamos o mês de Fevereiro para todos os actos preparatórios, porque a nossa greve terá de sair muito organizada, com a maior abrangência possível, esperamos uma adesão a 100 por cento da greve em Março”, informou, em janeiro, o secretário-geral da Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), Francisco Jacinto. 

O líder da CGSILA deu conta que a decisão surgiu por falta de consensos com o executivo angolano, referindo que o caderno reivindicativo remetido a João Lourenço, a 5 de Setembro de 2023, “foi ignorado pelas autoridades”. 

A greve geral na função pública é uma decisão da CGSILA, da União Nacional dos Trabalhadores de Angola – Confederação Sindical (UNTA-CS) e da Força Sindical. 

A CGSILA, UNTA-CS e a Força Sindical remeteram, a 5 Setembro de 2023, um memorando ao Presidente da República, no qual exigem um salário mínimo nacional de 250 mil kwanzas, admitindo paralisação geral em caso de resposta insatisfatória. 

A ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Teresa Dias, que coordena as negociações com os sindicatos, disse, em Dezembro, no final de uma ronda negocial, que a proposta salarial dos sindicatos era “irrealista e completamente fora do comum”.

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