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Standard & Poor’s decide manter ‘rating’ de Angola em B- com perspectiva estável

A agência de notação financeira Standard & Poor's (S&P) decidiu manter o 'rating' de Angola em B-, mantendo também a perspectiva sobre a evolução da economia deste país africano em Estável, considerando que as vulnerabilidades continuam elevadas.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"A grande utilização de dólares e a falta de oferta de moeda externa, com o Governo a dar prioridade aos pagamentos de dívida externa, vai impedir uma melhoria mais substancial nas condições económicas gerais", escrevem os analistas na nota enviada aos investidores na Sexta-feira à noite, na qual anunciam a manutenção da opinião sobre a credibilidade do crédito soberano em B-, abaixo da recomendação de investimento.

"Os custos do serviço da dívida deverão ter atingido um pico em 2023, mas as vulnerabilidades externas e orçamentais continuam elevadas e susceptíveis às dinâmicas dos sectores cambial e petrolífero", acrescentam, salientando a "elevada dependência" do petróleo, que terá preços estáveis e produção entre os 1 e os 1,1 milhões de barris diários até 2027.

A perspectiva de evolução estável equilibra as grandes necessidades de financiamento externo e os riscos de financiamento nos próximos 12 meses, com os preços positivos do petróleo e reservas relativamente estáveis, explicam os analistas da S&P, notando que a credibilidade do crédito soberano e a estabilidade económica estão "altamente dependentes" de um ambiente positivo no sector e de uma produção que se mantenha acima de 1 milhão de barris diários.

As reformas para reduzir a dependência do petróleo "têm feito um progresso lento", com o Governo a dar "passos significativos nas políticas nos últimos anos para reduzir os desequilíbrios económicos, gerir os próximos pagamentos de dívida e melhorar a produção interna não petrolífera, mas os sucessivos choques externos as melhorias meramente marginais na capacidade de produção não petrolífera impediram uma diversificação significativa", diz a S&P.

Até 2027, alertam, a oferta de moeda externa vai continuar limitada devido aos elevados pagamentos da dívida e ao pequeno aumento da produção petrolífera, o que vai limitar a capacidade do Governo para apoiar a economia, afectada por sucessivos choques, elevada inflação e ainda a recuperar dos efeitos da recessão entre 2016 e 2020.

O cenário macroeconómico previsto para Angola pela S&P aponta para um crescimento médio do PIB de 1,4 por cento ao ano até 2027 num contexto em que os pagamentos de dívida ultrapassam os 10,1 mil milhões de dólares (9,3 mil milhões de euros) este ano e 9,9 mil milhões de dólares (9,1 mil milhões de euros) em 2025, com os pagamentos de dívida comercial em moeda estrangeira (Eurobonds) a representarem 8 por cento dos pagamentos de dívida externa este ano e 16,6 por cento em 2025, mas ainda assim abrandando face aos níveis de 2023.

A inflação subiu em média 22,5 por cento entre 2016 e 2023 e deverá subir 17 por cento em 2024 e 2025, descendo para um dígito só em 2016, com o défice orçamental a representar 1,4 por cento do PIB entre este ano e 2027, o que compara com a previsão do Governo de excedentes próximos de 1 por cento do PIB.

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