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Fitch mantém rating de Angola em B- com perspectiva de evolução estável

A agência de notação financeira Fitch Ratings decidiu, na Sexta-feira, manter o 'rating' de Angola em B-, com um perspectiva de evolução estável, prevendo um crescimento económico de 1,2 por cento e uma inflação de 24,5 por cento no próximo ano.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"O 'rating' de Angola equilibra os fracos indicadores de governação, a elevada inflação, os elevados níveis de dívida pública em moeda estrangeira e um dos maiores níveis de dependência de matérias-primas entre os países classificados pela Fitch, com reservas externas maiores que os seus pares, excedentes da balança corrente e riscos de dívida geríveis", lê-se na nota que acompanha a decisão de manter o rating em B-.

Na nota enviada na noite de Sexta-feira aos investidores, a Fitch Ratings prevê uma subida da inflação, de 13,8 por cento este ano para 24,5 por cento no próximo ano, antes de abrandar para 16,6 por cento em 2025, e um ligeiro crescimento económico de 0,2 por cento este ano, que subirá para uma média de 1,2 por cento entre 2024 e 2025.

A subida dos preços deve-se à depreciação do kwanza e à implementação da reforma dos subsídios aos combustíveis, diz a Fitch Ratings, que prevê também um forte abrandamento do crescimento económico, depois de um crescimento de 3 por cento em 2022.

"O crescimento mais fraco reflecte o abrandamento na produção de petróleo, que deverá cair para uma média de 1,09 milhões de barris por dia este ano e 1,05 milhões nos próximos dois anos, quando em 2022 a produção diária foi de 1,14 milhões de barris", dizem os analistas.

O fraco crescimento económico e a elevada inflação, a que se junta a escassez de moeda externa, vão ter um impacto significativo no consumo e nas importações de bens, o que vai abrandar a actividade não petrolífera e significa que "o crescimento de Angola vai ficar abaixo da média de 3,3 por cento que é prevista para a média dos países com rating B em 2024 e 2025".

A dívida, apontam, deverá aumentar para 80,5 por cento do PIB no final deste ano, piorando face aos 60,5 por cento de 2022, "principalmente pelo impacto da depreciação do kwanza no elevado nível de dívida em moeda externa, mas o rácio vai descer para 70 por cento e 66,7 por cento em 2024 e 2025, reflectindo o crescimento do PIB nominal e excedentes orçamentais primários", diz a Fitch, concluindo que, apesar desta melhoria, Angola vai continuar com um rácio da dívida pública acima da média de 54,4 por cento estimada para os países com um rating de nível B.

Os analistas da Fitch lembram que as amortizações de dívida previstas para este ano serão de 5,6 mil milhões de dólares, a que acrescem 5 mil milhões de dólares no próximo ano e 6 mil milhões de dólares em 2025, o que compara com pagamentos de 4,8 mil milhões de dólares feitos no ano passado.

"As amortizações da dívida serão feitas através de uma combinação de desembolsos de fontes bilaterais e multilaterais, utilização de depósitos do governo e liquidez nas contas relacionadas com os empréstimos à China, que usam o petróleo como garantia", conclui a Fitch.

Antecipando reservas internacionais robustas de 14,5 mil milhões de dólares no final deste ano, que deverão aumentar para 15,2 mil milhões de dólares em 2025, a Fitch Ratings escreve que estes montantes implicam reservas de importações de 5,7 meses, bem acima da média de 3,3 meses para os países classificados com B.

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