Até esta Quinta-feira, estão a decorrer em Adis Abeba os encontros dos chefes das diplomacias, nos quais participa o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho.
A cimeira de chefes de Estado e de Governo, entre 18 e 19 de Fevereiro, vai analisar um relatório sobre as actividades do Conselho de Segurança (CPS) da organização e o estado de paz e segurança em África, bem como um documento estratégico sobre governação política, financeira e energética global, a ser apresentado pelo Presidente senegalês, Macky Sall.
A situação militar vai também estar em foco, depois de, no ano passado, os governos de quatro países-membros, Mali, Guiné-Conacri, Sudão e Burkina Faso, terem sido suspensos da União Africana (UA), na sequência de golpes de Estado.
As questões relacionadas com a crise alimentar mundial, as alterações climáticas e a zona de comércio livre continental são outros temas fortes da cimeira, que vai ainda eleger o sucessor do Senegal na presidência da UA.
A situação no leste da República Democrática do Congo, com conflitos tribais e a presença de uma missão da UA, será também debatida, já que o governo de Kinshasa acusa o vizinho Ruanda de apoiar os rebeldes.
A instabilidade na República Centro-Africana e no Mali, onde actua o Grupo Wagner, mercenários apoiados pelo Kremlin, e a crise no norte de Moçambique, palco de ataques de extremistas islâmicos, são outros temas associados à insegurança no continente.
"Verificamos, hoje em dia, que há uma certa urgência em trabalharmos, entre europeus e africanos, em várias temáticas, sobretudo na área da paz e da segurança, Golfo da Guiné, Sahel, República Centro-Africana, temas em que estamos muito envolvidos e também muito candentes aqui na União Africana", disse à Lusa João Gomes Cravinho.
Actualmente, a "arquitectura de segurança" africana "está muito fragilizada", reconheceu o ministro, que esteve já reunido com o comissário da UA para a Paz e a Segurança, Bankole Adeoye.
Do comissário, Cravinho ouviu o desejo de "soluções africanas para problemas africanos", mas também o pedido de "apoio de países como Portugal e de instituições como a União Europeia" aos esforços de pacificação.
Da parte dos países lusófonos, está prevista a participação dos chefes de Estado de Angola, João Lourenço, Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, Cabo Verde, José Maria Neves, e Moçambique, Filipe Nyusi.
E estarão presentes os chefes das diplomacias de Angola, Tete António, Guiné-Bissau, Suzi Chaves, Moçambique, Veronica Macamo, São Tomé e Príncipe, Alberto Pereira, e Guiné Equatorial, Simeón Oyono Esono.