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Cafunfo: associação cívica do leste condena “chacina” e denuncia “caça às bruxas”

Uma associação cívica do leste do país, denominada "AKWA MANA", condena a "chacina" de Cafunfo, palco de incidentes com mortos e feridos e diz-se "profundamente abalada e inconformada com o agravar da situação", denunciando uma "caça às bruxas".

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Num comunicado, a que a Lusa teve acesso esta Quarta-feira, a "AKWA MANA" lamenta as declarações, que considera "falaciosas", de responsáveis do Ministério do Interior e da polícia, "destiladas com ódio, raiva e rançar contra o povo do leste".

Segundo esta associação cívica, muitos cidadãos foram "sem escrúpulos brutalmente espancados, mortos pelas forças policiais altamente equipadas com todos os meios bélicos, como se estivessem em plena guerra".

"O que mais tocou a sensibilidade do povo do leste, e não só, foi ter as forças de defesa e segurança despejado sentimento de raiva e ódio perante o leste de Angola", lê-se no comunicado.

A polícia afirma que cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protectorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende a autonomia daquela região rica em recursos minerais, tentaram invadir, na noite de 30 de Janeiro, uma esquadra policial, e em defesa, as forças policiais atingiram mortalmente seis pessoas.

A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local, que falam em mais de uma dezena de mortos.

A "AKWA MANA" afirma, no comunicado, estar "profundamente abalada e inconformada" com o "agravamento da situação" na região leste do país, particularmente na vila mineira de Cafunfo, cuja reivindicação "descambou em chacina" naquela circunscrição.

Reunida nesta Terça-feira em Luanda, a associação diz constatar com "bastante preocupação" a "degradação das condições de vida" das populações do leste do país, referindo que "não se vislumbram num futuro próximo a alteração do quadro".

Os membros da associação falam num "atrofiamento geral" na actividade de todos os outros sectores da economia real angolana, "excetuando o mineiro", e "uma marginalização nas preferências regionais do investimento privado e público empresarial".

A "AKWA MANA" condena também o posicionamento daqueles que "ignoram a barbárie" e de órgãos de comunicação que "tentam escamotear a verdade dos factos", afirmando que lhe "foi rejeitada" uma audiência com o Presidente, João Lourenço.

A audiência, sublinha o comunicado, visava abordar a situação da saúde, fome, desemprego, habitação, circulação de pessoas e bens, água potável, energia, saneamento básico e outros problemas.

Para a associação cívica do leste de Angola, o "acto bárbaro", de Cafunfo, "prova, mais uma vez que, na perspectiva formal, o leste é sem dúvida parte integrante de Angola, mas na perspectiva material não é verdade".

"Manifestamos a nossa profunda preocupação pelo facto de haver actos de caça às bruxas em Cafunfo, situação que agrava a questão em termos de direitos humanos e liberdades fundamentais", assinala, "exigindo" inquérito imparcial ao "infausto acontecimento".

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