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Activistas condenam “genocídio contra o povo lunda” e pedem posição do PR

Jovens activistas da denominada Sociedade Civil Contestatária condenaram esta Quarta-feira os incidentes da região de Cafunfo, que resultaram em várias mortes, pedindo uma posição do Presidente pelo que consideram como "um genocídio contra o povo lunda".

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"Entendemos, primeiro, que aquilo foi um crime contra a humanidade, um genocídio contra o povo lunda e, aliás, o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola] é um partido que nunca soube dialogar, nunca soube negociar e o caso das Lundas não é excepção", afirmou esta Quarta-feita o activista Geraldo Dala, em declarações à Lusa.

Para o activista, membro da denominada Sociedade Civil Contestatária, o "MPLA aproveitou-se" dos incidentes da região de Cafunfo, província da Lunda Norte, leste angolano, "para espalhar o terror e instaurar o medo naquela população no sentido de que não podem reivindicar pelos seus direitos".

Segundo a polícia, cerca de 300 pessoas ligadas ao Movimento do Protectorado Português Lunda Tchokwe (MPPLT), que há anos defende a autonomia daquela região rica em recursos minerais, tentaram invadir, no Sábado, uma esquadra policial e em defesa as forças de ordem e segurança atingiram mortalmente seis pessoas.

A versão policial é contrariada pelos dirigentes do MPPLT, partidos políticos na oposição e sociedade civil local que falam em mais de uma dezena de mortos.

Geraldo Dala, que falava esta Quarta-feira durante uma conferência de imprensa de anúncio de uma manifestação, agendada para Quinta-feira, em Luanda, "contra os 45 anos de governação do MPLA", defendeu a "autonomia política e administrativa como solução para o povo lunda".

"Não significa, necessariamente, desmembrar-se do território angolano, mas essa seria (autonomia política e administrativa) uma das vias para resolução dessa situação e também para o caso de Cabinda", frisou.

Por seu lado, o activista Salomão Mpanzu também "repudiou a acção policial" contra os manifestantes em Cafunfo, afirmando que a Constituição "proíbe a pena de morte e não permite, em nenhum momento, que algum cidadão tire a vida de outrem".

De acordo com o activista, que falava à margem da conferência de imprensa, os acontecimentos de Cafunfo traduzem numa "agressão à Constituição angolana e é um acto que demonstra que ainda não vivemos num país com unidade nacional".

"Num país onde devemos exprimir as nossas ideias, ainda estamos a viver aqui princípios que demonstram que o socialismo comunista do MPLA ainda não terminou, porque aquele que pensar diferente em Angola é visto como animal e inimigo da paz", referiu.

Salomão Mpanzu disse igualmente que a manifestação agendada para esta Quinta-feira, 4 de Fevereiro, feriado nacional no país, "vai reservar também um momento para homenagear os irmãos mortos na Lunda Norte".

"Por isso é que amanhã [Quinta-feira] vamos vestir todos de preto em homenagem àqueles que foram mortos em nome da liberdade e da justiça social. Condenamos o acto e pedimos ao Presidente da República, João Lourenço, que se pronuncie quanto a isso", concluiu.

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