"Não é claro se os eventos em Cafunfo vão levar a mais instabilidade na região ou noutros sítios em Angola, mas o que é claro é que a insatisfação com o Governo de João Lourenço não mostra sinais de desvanecer, o que oferece aos partidos de oposição e aos movimentos independentistas a oportunidade para mobilizarem os apoiantes e aproveitarem o descontentamento geral", disse o analista Louw Nel.
Numa nota enviada à Lusa, este analista da NKC African Economics, a filial africana da britânica Oxford Economics, escreve que "o aumento das acções de protesto do Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe (MPPLT) coincidiu com uma subida generalizada das manifestações anti-Governo em Angola no ano passado, que estavam relacionadas com a deterioração das condições socio-económicas agravadas pela pandemia e pela quebra dos preços do petróleo".
As autoridades, lembra, "responderam de forma pesada, com a brutalidade policial a aumentar ainda mais o vigor dos protestos", a que se juntou o adiamento das eleições municipais, um revés para estes movimentos, que "são os que mais têm a ganhar com a participação popular na escolha dos seus representantes municipais e distritais".
A polícia reprimiu violentamente no passado Sábado uma manifestação convocada pelo Movimento do Protetorado Português da Lunda Tchokwe (MPPLT), na vila de Cafunfo, na província da Lunda-Norte, para assinalar o 127.º aniversário do reconhecimento internacional do tratado de protetorado português da Lunda.