O ex-gestor do BCI, que falava na condição de declarante, revelou que as pessoas que se dirigiam até ao banco para realizar depósitos milionários na conta do Grecima tinham um aspecto de "meninos de rua". Era depositado dinheiro em kwanzas na conta do gabinete por pessoas com aparência de "sem-abrigos", completou.
Filomeno Ceita, citado pelo Jornal de Angola, revelou que essa situação levantou algumas suspeitas, levando o banco a suspender os movimentos nas contas que o Grecima tinha no BCI.
Indicou ainda que a instituição bancária comunicou a situação à Unidade Técnica Financeira e explicou que como a conta do gabinete estava relacionada com o Orçamento Geral do Estado, esta só podia receber dinheiro orçamental e não depósitos feitos por particulares.
O antigo gestor também revelou que a conta do Grecima só tinha a assinatura de Manuel Rabelais e confirmou que, através do BCI, o gabinete adquiriu divisas ao Banco Nacional de Angola. Segundo o declarante a aquisição das divisas foi feita por via de uma directiva do banco central que geria a compra directa de cambiais por parte de instituições do Estado.
Várias transferências que o Grecima tentou fazer para o estrangeiro foram rejeitadas pelos bancos no exterior por detectarem irregularidades, completou.
Manuel Rabelais, ex-ministro da Comunicação Social, responde às acusações de crimes de peculato, branqueamento de capitais e violação das normas de execução orçamental, praticados entre 2016 e 2017, quando ainda ocupava o cargo de director do extinto Grecima.
No caso, é também arguido Hilário Santos, o então assistente administrativo do Grecima. De acordo com a acusação, Manuel Rabelais, ajudado por Hilário Santos, terá transformado o gabinete nunca casa de câmbios "angariando empresas e pessoas singulares para depositarem kwanzas em troca de modera estrangeira".