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Líder da UNITA pede a João Lourenço devolução do património do partido

O presidente da UNITA destacou esta Quarta-feira o clima de abertura que marcou o seu primeiro encontro enquanto líder partidário com o Presidente, João Lourenço, a quem pediu mais empenho na devolução do património do partido.

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"Foi uma boa conversa, uma conversa aberta a que esperamos dar continuidade futura no sentido de criarmos confiança e diálogo, mesmo quando possa haver leituras divergentes, para que tenhamos oportunidade de encontrar momentos de aproximação", disse Adalberto da Costa Júnior, após a longa audiência de cerca de hora e meia na Cidade Alta, em Luanda.

A UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), principal partido da oposição, levou uma agenda centrada nos desafios do país e a necessidade do diálogo institucional: "Abordámos os desafios ligados às reformas que o país precisa de fazer, bem como questões pendentes no processo de reconciliação nacional e no combate à corrupção".

No que diz respeito às questões da reconciliação, apontou a desmobilização dos militares, que "não deve ser deixada em segundo plano", mas também a devolução do património da UNITA, "nunca cumprida", e que estava prevista nos acordos de paz.

"Pensamos que o Governo deve fazer mais, o Governo não tem feito nada, o que penaliza os interesses da UNITA no próprio plano das disputas eleitorais onde há vantagem para quem governa, se não houver devolução", vincou Adalberto da Costa Júnior.

O dirigente da UNITA salientou que "não é um património que foi oferecido, é um património que foi comprado e ocupado e que é uma matéria de compromisso do próprio Governo", afirmando que foi entregue documentação de suporte relativa aos bens que o partido do "Galo Negro" reclama.

Também a questão das autarquias foi abordada no encontro: "Falámos bastante sobre esta matéria e solicitámos mesmo a necessidade de um esclarecimento público", destacou.

"Todos devemos saber de forma clara, vamos ou não ter eleições autárquicas", desafiou o dirigente partidário, sublinhando que é para a Assembleia Nacional que está ser transferida a responsabilidade no atraso das eleições.

Adalberto da Costa Júnior insistiu que "não há nenhuma razão" para que até Março não se faça toda a aprovação do pacote legislativo relativo às autarquias, como sugere a UNITA.

O dirigente partidário realçou, por outro lado, que os desafios que o país enfrenta "não se vencem sem a coragem de reformas", inclusivamente a nível económico.

É preciso "ter a coragem de fazer reformas na Constituição, de abraçar a questão da lei eleitoral" e da própria Comissão Nacional Eleitoral que "tem criado muitos conflitos" e gerado acusações de falta de transparência, apontou.

"Precisamos de construir uma democracia que seja estável pujante e coesa nas suas instituições", advogou.

Reformas para as quais é necessário o envolvimento do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), partido do poder e que governa há quase 40 anos.

"Não podemos fazer as reformas sozinhos (...). Ou o MPLA concorda que o país carece de reformas ou não vamos poder abraçar estes desafios", salientou.

O líder da UNITA mostrou-se, apesar de tudo, satisfeito com o debate "objectivo e concreto" que manteve com o Presidente, congratulando-se com a "abertura" face às questões que o partido apresentou: "Foi-nos dada atenção às matérias que trazíamos, houve de facto abertura".

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