A posição foi esta Sexta-feira expressa à agência Lusa pelo secretário de Estado dos Petróleos, Alexandre Barroso, à margem do seminário de apresentação do Mapeamento Nacional de Postos de Abastecimento de Combustíveis e Legislação Afim.
A Agência Internacional da Energia (AIE) assegurou, Quinta-feira, que a procura global de petróleo foi "duramente atingida" pela propagação do coronavírus, adiantando que a mesma se contrairá pela primeira vez em mais de uma década no primeiro trimestre.
"Acreditamos que o coronavírus, assim como está a afectar outros sectores, poderá também afectar o sector de petróleos. Já vimos que houve inicialmente uma contracção de preços, houve uma baixa do preço do petróleo, felizmente está a recuperar", disse Alexandre Barroso.
O governante frisou que, neste momento, ainda é cedo para determinar o impacto que o vírus poderá ter no sector petrolífero.
"Há uma preocupação, porque como produto principal de exportação e de arrecadação de receitas no nosso país, dependemos muito do preço do petróleo", referiu.
Alexandre Barros sublinhou que não é possível um controlo sobre a situação, sendo certo que "uma epidemia sem controlo poderá sim causar algum impacto".
"Porque sendo a China, onde neste momento há maior impacto da acção do vírus, um grande importador do nosso petróleo, se este mercado se contrair, nós poderemos também ter alguns problemas e estamos preocupados com isto", salientou o secretário de Estado dos Petróleos.
Mas o governante frisou que, neste momento, o Governo está calmo e "à espera de ver o que é que vai acontecer nos próximos tempos".
Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África depois da Nigéria.
No relatório mensal, a AIE calcula que a procura de petróleo vai cair no primeiro trimestre em 435 mil barris por dia face ao mesmo período do ano passado e estimou que o crescimento em 2020 será de apenas 825 mil barris por dia (menos 365 mil que o previsto), o menor aumento desde 2011.
O organismo dependente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) reconhece que ainda é difícil precisar qual será o impacto do coronavírus sobre o mercado do petróleo, ainda que as estimativas pressuponham um progressivo regresso à normalidade no segundo trimestre.
Desde o início da epidemia registou-se "uma significativa desaceleração do consumo de petróleo na economia chinesa", segundo a AIE, levando a organização a prever que as repercussões do novo coronavírus sobre a procura serão "significativas".
"As consequências vão variar segundo o passar do tempo, com um impacto inicial nos transportes e nos serviços, provavelmente seguido pela indústria chinesa e finalmente pelas exportações e a economia no seu conjunto", defende a AIE.